Ontem fui deitar o meu filho. Há dias que ele quer que seja a mãe. Outras vezes quer o pai. Ontem calhou-me a mim. Depois de o deitar e já com as luzes apagadas, ia eu a saír de fininho e diz ele "pai, conta-me uma história". Tudo bem. Fácil. Sento-me na cama dele e mal começo com o "era uma vez", ele diz-me "não. conta-me uma história da tua cabeça". Ok. "Era uma vez um menino chamado Santiago"... "Não pai. Uma história da tua cabeça mas não de mim". Ah é? Ah é assim que vai ser? A testar a minha criatividade, pequenito. Então vá.
Eu_ "Era uma vez um menino chamado Santiago"
Ele_ "Não pai, não pode ser eu, já disse."
Eu_ "Calma. Não és tu. Há mais marias na terra.
silêncio.
Eu_ "Este menino era o Santiago Nuñez"
silêncio.
Eu_ "Era cubano."
silêncio.
Eu_ "Então o Santiago Nuñez gostava muito do mar. Era de família. Viviam na praia. E um dia ele quis ir à pesca com o pai."
Ele_ "Qual pai?" (pergunta o sacana a tentar apanhar-me na curva)
Eu_ "O pai Nuñez."
silêncio.
Eu_ "Então, eles decidiram ir pescar"
Ele_ "Pescar o quê?"
Eu_ "Errr... Polvos. Decidiram ir pescar polvos."
Ele_ "Porquê pai?"
Eu_ "Porque sim."
Ele_ "Porque sim não é resposta".
Eu a suspirar_ "Porque gostavam de salada de polvo. Adiante. Então foram no barco por cima das ondas e pelo mar à procura da gruta dos polvos."
Ele_ "Quem?"
Eu_ "O Santiago Nuñez e o pai Nuñez"
silêncio.
Eu_ "Entretanto eles vêem uma ilha. Era ali. A ilha dos polvos. Chegaram lá e viram uma gruta. Espreitaram e viram o polvo lá dentro."
Ele_ "O que é que ele estava a fazer pai?"
Eu_ "Quem o polvo?"
Ele_ "Sim."
Eu_ "Errr... Estava lá a fazer o que os polvos fazem."
Ele_ "Não! O que é que ele estava a fa-zer?"
Eu_ "Estava a tocar maracas."
Ele_ "Maracas?!"
Eu_ "Sim. Maracas. 8 maracas. Os polvos têm 8 patas que se chamam tentáculos, portanto estava tocar 8 maracas."
Ele_ "E o Santiago Nuñez e o pai Nuñez?"
Eu_ "Estavam à porta a ouvi-lo. Então, não quiseram interrompê-lo e decidiram ir embora e não pescá-lo."
Ele_ "Não, não foram embora nada! E depois pai?"
Eu_ "Depois... Olha depois perguntaram ao polvo se podiam entrar na gruta e fazer uma jam session."
silêncio.
Eu_ "Então o Santiago Nuñez tocou tambor, o pai Nuñez guitarra e o polvo maracas. Cantaram uma música sobre viagens e aventuras."
Ele_ "Qual? Canta a música pai."
(porra) A minha mente começa a correr rapidamente todo o arquivo musical que tenho e que é vasto à procura de uma música sobre viagens e aventuras. E com toda a música que conheço qual é que me veio à cabeça?
Eu em modo lullaby_ "já fui ao brasil, praia e bissau, aaangooola e moçambique, goa e macau, já fui até timor, já fui um conqistaaadoooor..."
E quando dei por ele já estava a dormir. Não tenho é a certeza se embalou comigo a cantar, ou se apagou tal era a o efeito estupefaciente da minha história.
Seja como fôr, apagou.
Não tenho dúvidas. Histórias infantis e contos de embalar é comigo.
he he he delicioso
ResponderEliminarEscreves lindamente...gostei muito :)
ResponderEliminarAdorei! Devias escrever um livro infantil e abrias com esta história. Lançavas no Oceanário, junto à gruta dos polvos, convidavas a família Nuñez para a primeira fila. Conta comigo para levar as maracas. Oito.
ResponderEliminarTão bom!
ResponderEliminarAs histórias mais fantásticas que a minha mãe me contava à noite eram sempre da cabeça dela, por insistência minha e da mana mais nova. Eram tontas, mirabolantes, com finais abruptos (sinal que imaginação não dava para mais) e deliciosas! Ela bem que tentava contar as tradicionais, mas eram sempre as da cabeça dela as que nós ouviamos com mais atenção. Keep going!
ResponderEliminarestá muito bom. até eu (criança grande) gostei dessa história.
ResponderEliminaros filhos merecem tudo.
:) Genial:) O fim está 5*:)
ResponderEliminarQuase que se ouve a orquestra daqui:)
A mim não deu para adormecer, mas que a estória me agradou, agradpu.
ResponderEliminarSejam felizes.
A hora de ir para cama em minha casa chega a ser de loucos...tenho duas filhas gemeas...primeiro uma quer uma historia e a irmã quer outra...depois uma quer o pai...outra quer a mãe...depois troca...uma tem calor...outra tem frio....entretanto são 22h30...e nada!!!!quando adormecem até respiro fundo....
ResponderEliminarVou guardar a história que criatividade não abunda por aqui!
ResponderEliminarAdorei... Ainda conto esta estória um dia à minha filha :)
ResponderEliminarQue gira história. Os miúdos enchem o coração. Eu adoro ver a (minha) Matilde a contar histórias, com os olhos muito arregalados, geralmente abre um livro só para ter um livro porque a história nunca tem nada a ver com o livro, mas acho delicioso aquela cena de ter o livro no colo.
ResponderEliminarSofia Torres Rosa
Ahah sou nova por estas bandas ! E so' com essa historiazinha de embalar ja me desmanchei toda a rir :D Esta' de ge'nio ;) xx
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarTop!:)
ResponderEliminarSortudo esse Santiago!! ;)
ResponderEliminarJá passei por isso... A lógica deles é tramada...
ResponderEliminarSou um leitor deste blog na qual recomendo a alguns amigos, tem cada história/peripécia com bons ensinamentos e outras de levar as lagrimas...
ResponderEliminarPolvo a tocar maracas? BAHHHH do best :D
Continuem assim!
Boa história :)
ResponderEliminarNo que toca à cantoria escolhida...bem lembrada, safou-te à grande. Mas o polvo que ia ser caçado porque eles gostam de salada de polvo...e que está a fazer o que os polvos fazem...que é obviamente tocar maracas e improvisar numa jam session...foi divino!
ResponderEliminarHistória deliciosa. Um belo momento que aqui partilhas, para não variar :)
ResponderEliminarObrigado
homem sem blogue
homemsemblogue.blogspot.pt