Estou aqui com um problema em mãos. Aqui há uns tempos atrás, regressava a casa depois de ir buscar o puto à escolinha, e apanho um gajo a vir de frente em fora de mão. Mando uma buzinadela e ouço do banco de trás "F#$@-SE". Isso mesmo. E dito com uma fonética irrepreensível. Pronúncia perfeita. Todas as consoantes e vogais bem colocadas. Acento tónico como deve ser. Espreito pelo espelho e confirmo que até a expressão facial se encontrava de acordo com o proferido. Pensei "tá boa esta. e agora?". Uns km mais à frente, sem que viesse nenhum carro, buzino novamente só para ver o que é que acontecia. Do banco de trás: "F#$@-SE" outra vez. E só pelo sim pelo não, volto a buzinar uma terceira vez. E uma vez mais "F#$@-SE". Ora estamos aqui perante um exemplo típico de condicionamento clássico de Pavlov.
Sinceramente nunca me apercebi que alguma vez tivesse dito alto e em bom som essa palavra com o meu filho no carro. Até porque desde que o meu filho nasceu, que passei de um condutor tipo Michael Douglas no filme "Um Dia De Raiva" a um condutor tipo Morgan Freeman no filme "Driving Miss Daisy". Mais ou menos. Mas pelos vistos já é um reflexo meu inconsciente que está intrinsecamente associado à buzina. F#$@-se. Mania dos miúdos nos imitarem em tudo.
Bom, agora que o mal está feito, é pensar uma maneira de o desfazer. Conhecendo o meu filho como conheço, repreendê-lo ou censurá-lo só iria reforçar o uso da palavra. Rapaz perseverante este. Portanto naquelas primeiras vezes não lhe disse nada. Fingi que não estava nem aí. Então no dia seguinte, quando o levava à escola, buzinei de propósito para induzir a palavra. E tal como esperava, aí veio ela. Fiz-me de parvo e perguntei "o quê filho?". E ele: "F#$@-SE". Eu corrigi "não filho, é pôssaras". Genial né? Tentei fazer com que ele achasse que estava a pronunciar mal a palavra, arranjando uma palavra foneticamente parecida. E de seguida disse-lhe: "queres ver? é assim... buzino... pôssaras!". "Percebeste, agora tu"...buzino... E ele: "PÔSSARAS". Ah! Consegui. Sou mesmo genial pensei eu. Repeti umas quantas vezes mais. Just to make sure. E voilá. Confundi-o e consegui que ele transformasse um "F#$@-SE" num "PÔSSARAS". Missão cumprida.
Passaram-se uns dias, e eu já me tinha esquecido do assunto, até porque o "pôssaras" tinha pegado. Entretanto estava eu acompanhado do meu filho a ver uma casa para alugarmos com um agente imobiliário. O senhor simpático a fazer uma tour da casa e de repente ouve-se uma buzina vindo da rua. E sem que eu esperasse, diz o meu filho "F#$@-SE"! Com uma fonética irrepreensível. Pronúncia perfeita. Todas as consoantes e vogais bem colocadas. Acento tónico como deve ser. Só por curiosidade, sabem o eco que faz uma casa nova vazia?
Merda para o Pavlov.
Ahahahah! O meu diz "foga-se"...
ResponderEliminarEsta garotagem de hoje em dia... Infelizmente o meu pronuncia a palavra com uma perfeição incrível. Por ventura a palavra que ele melhor diz. E ainda lhe prolonga o "-se". Parece que lhe gosta de dar ênfase. O pior de tudo é que ainda vão os outros pensar que apanharam isto dos pais...
EliminarTens de ser mais "forte" que a perseverança do teu filho :)
ResponderEliminarpois tenho pois tenho.
Eliminarahahaahahahahahahah acontece muito.......
ResponderEliminarmais do que eu gostaria. hahaha
Eliminarimpressionante como eles apanham logo o que não devem! :)
ResponderEliminarlogo!
EliminarMuito bom!
ResponderEliminar:)
EliminarNunca me ri tanto a ler um blog como o seu...Os miúdos são geniais e estão sempre a surpreender-nos..
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