01/07/2014

BATE BATE CORAÇÃO {MAS COM CALMA}


A propósito do último post...

Fui ao cardiologista. Especialista em arritmologia. Um extraordinário médico. Viu os meus exames todos. ECG's, análises, ecocardiograma e prova de esforço. Tudo óptimo. Explicou-me tudo com detalhe e pormenor. Fez questão que eu só saísse de lá sem qualquer dúvida. Não há muitos médicos assim. E é pena. Porque é assim que deviam ser todos. Não se apressou nem me apressou na consulta. Foi-me tranquilizando. Quando ficava muito tempo a analisar algum exame, percebia que eu ficava em estado de alerta e dizia-me "não se preocupe, está tudo normal. Estou só a ver o detalhe". Fazia-me perguntas. Dava-me respostas. E deixava-me que lhe perguntasse tudo.
Resultado, parece que tenho uma Taquicardia Paroxística Supraventricular. Uma espécie de curto circuito que acontece no meu coração em que o "sistema eléctrico" do coração sobrepõe um impulso adicional para ele bater. Quando isso acontece o meu coração "salta" um batimento. E às vezes, esse "saltar" do batimento desencadeia uma sequência repetitiva de batimentos em cadeia a alta velocidade. Por isso o meu coração pode a qualquer momento passar de 60 BPM a 160 BPM. A boa notícia é que apesar de assustador e aflitivo não é normalmente perigoso ou mortal em corações saudáveis e com estrutura normal. Que é o caso do meu. Entretanto o cardiologista ensinou-me alguns truques para interromper esse curto-circuito e acalmar o coração quando isso acontece. São duas. Uma é suster a respiração e fazer força como se fosse evacuar. A outra é pôr os dedos na boca e causar um "gag reflex" que é aquele reflexo de quem vai vomitar. Portanto se me virem na rua e parecer que estou a "evacuar" ou a vomitar-me em pleno passeio, é só porque estou a ter uma taquicardia. No worries.

Nota: o fantástico cardiologista chama-se Dr. Manuel Nogueira da Silva e foi na CUF Descobertas. Grande médico. A fotografia da minha frequência cardíaca é através da app Instant Heart Rate para iphone.

26 comentários:

  1. Ainda bem!! No worries! E sim se vir alguém a fazer isso na rua já sem o que é :)

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  2. Tenho um amigo muito próximo que tem essa condição desde os 16 anos, por isso conheço de perto. Às vezes estamos conversar e ele começa a suster a respiração e encosta-se a um cantinho, qual criança antes de mudar a fralda. :P

    (sem brincadeiras, ao início ficava preocupada, mas agora já sei do que se trata. fico contente por ser o mesmo contigo, vamos em frente!)

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  3. Mas se os exames estavam todos OK como é que o cardiologista chegou a essa conclusão? Se não teve nenhuma taquicardia durante os exames como é que ele chegou ao diagnóstico?

    Paula

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    1. Baseado nos resultados dos exames mais a minha descrição dos episódios, incluindo duração, frequência, sintomas, quando acontecem, frequência cardíaca que eu registei quando tive e história clínica. Taquicardia paroxística significa que aparece pontualmente. Posso andar com um Holter durante 24 horas e não ter nenhuma. Com prova de esforço também é raro porque a TPS não aparece normalmente em esforço. A informação que lhe dei junto com os exames é que deram o diagnóstico. Os exames sozinhos nunca dão diagnósticos. Por isso se chamam meios complementares de diagnóstico. Ele como especialista em arritmologia é que faz o diagnóstico.

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    2. Obrigada. Acho que vou procurar tb um arritmologista. :) Já agora pode partilhar tb os sintomas e em que situação apareciam? Obrigada mais uma vez pela resposta.

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    3. Além dos exames ao coração, também fiz ecografia à tiróide e análises específicas à tiróide, que muitas vezes pode ser causa de arritmias. Estava tudo normal. No meu caso os sintomas são o que escrevi lá em cima no post. Aparecem do nada, ou seja sem ser em esforço. Quando corro ou faço desporto nunca aparece. Aparece por exemplo quando estou sentado. Posso passar meses sem ter. Se for um "saltar" apenas do coração, dura 1 segundo. Se fôr em cadeia deles pode durar uns 5 a 10 segundos. Mas isto é no meu caso. Nada como ir a um cardiologista bom. De preferência a um especialista em arritmologia. :)

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  4. Eu coloquei a questão acima porque tenho taquicardias desde os 17 anos e até agora nunca se apanhou nada em exames e continuo sem saber ao certo o que tenho. De repente o coração bate a 150 ppm e pode estar assim uns minutos... Já fui a dois cardiologistas e até agora nada. É assustador.

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    1. O facto dos meus exames estarem normais, é importante para esse diagnóstico. Porque se eu tivesse alguma alteração nos exames, então poderia ser outra patologia ou condição.

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  5. Ainda bem que não é nada preocupante e que tens como minimizar! Sugestão: opta por ruas isoladas...

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  6. O meu pai também tem isso e é médico, ainda por cima. A coisa não é fácil de acalmar. Na passagem de ano teve 6h com o coração a 167 pulsasões por minuto e teve de ir ás urgências para que lhe administrassem uma injecção. Será operado aos tais "elementos electrónicos" do coração, mas nada garante que passe já que na maioria das pessoas volta a aparecer.
    Para que a coisa não dispare à parva existem pequenas coisas que se pode fazer como:
    Não beber alcool
    Não beber nenhum tipo de chá
    Não beber café
    Não comer chocolate
    Nada de refrigerantes com gás
    E tudo o que possa ser considerado de estimulante.

    E vai correr tudo bem.. ;)
    As melhoras e uma bela carga de pâciencia para a "coisa"

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  7. O Dr. Nogueira da Silva é O Cardiologista.
    Caso interesse a alguém, ele também faz Santa Marta :)

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  8. Sempre tive taquicardia e sempre controlei com a respiração que mencionas. A última levou a que o meu coração batesse a 200ppm.Tive de ir ao hospital para se fazer um ECC no momento. Era taquicardia supaventricular, penso que é algo diferente.
    No entanto fiz uma intervenção ao coração para "queimar" com radiofrequência a tal zona onde começa um outro circuito eléctrico. O que me disse a especialista em Arritmologia é que este problema desaparece em 90% dos casos.
    Estou óptima.

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    1. Cara Tessa,

      O meu cardiologista falou-me na mesma intervenção, mas até agora nunca apareceu nada em nenhum dos meus exames. No entanto penso que os últimos episódios também eram "taquicardia supaventricular".

      Quando foi decidido avançar para a intervenção?
      Como foi detectada a tal zona onde começa um outro circuito eléctrico?
      Qual o nome da sua especialista em Arritmologia?

      Obrigado por comentar o post.

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    2. Peço desculpa pela demora em responder.
      Quando foi decidido avançar para a intervenção? Depois de terem detectado que era arritmia suprav.
      Como foi detectada a tal zona onde começa um outro circuito eléctrico? No momento da intervenção
      Qual o nome da sua especialista em Arritmologia? É uma médica do Hospital Garcia de Orta, em Almada, Dra. Sofia Sequeira Almeida e o médico responsável é o Dr. Luis Brandão

      O tipo de arritmia foi detectado no momento em que entrei no hospital com o coração a 200ppm. Entrei de imediato para a sala de reanimação onde me fizeram o EGG e só depois me normalizaram o ritmo com um medicamento. A minha médica de família aconselhou-me a não controlar a arritmia e a ir de imediato para o hospital porque só assim seria possível ver o tipo de arritmia. E Assim fiz.

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  9. Conheço o Dr Nogueira da Silva, é de facto muito bom.

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  10. Ainda bem que não é nada de grave e que podes minimizar, ainda por cima de forma que te fará soltar uma gargalhada.

    Abraço

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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  11. quem tem essa patologia tem acima de tudo de manter o coração saudável. A minha mãe viveu toda a vida com uma arritmia sem qualquer consequência. Agora, com 80 anos, as coisas são bem mais complicadas. Só não são piores e conseguiu chegar a esta idade porque tem um coração relativamente saudável, apenas com os problemas próprios do desgaste da idade. Nunca fumou, nunca abusou do alcool e não tem doença coronária, ou seja não abusou das gorduras. agora não pode comer nada com sal mas não lhe faz especial diferença porque toda a vida se habituou a controlar o sal. Fazer alguns sacrifícios,ou adaptar regimes de vida saudáveis em novo, depende da perspectiva, são um bom investimento. que tudo corra bem, e vai correr certamente.

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  12. Eu fiz uma ablação a uma taquicardia com esse médico! óptimo médico médico mesmo :)

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  13. Olá, apenas agora descobri esta "conversa". Pela primeira vez vejo descritos os meus sintomas. Neste momento estou muito apreensiva e confesso, com medo do que possa acontecer... Os episódios têm surgido com maior frequência. Já marquei novamente consulta no meu cardiologista. Tenho 38 anos e desde os 14 que sofro de taquicardia. Senti muitas vezes falta de partilhar o que sinto com alguém que me perceba, pois não é fácil viver com este problema. É uma luta constante para não pensar no pior. Sou uma pessoa muito ativa e quem trabalha comigo nem imagina a luta que vai cá dentro todos os dias. Nas últimas 2 semanas tive 3 crises, que duraram talvez menos de um minuto, mas que me deixam de rastos... e sem saber o que pensar. Como é que vivem com este problema no dia a dia? Sentem medo, ou conseguem encarar esta situação com normalidade?

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  14. Este post é antigo, mas era só para dizer que fui paciente do Dr. Nogueira da Silva, tive o mesmo problema que descreve, fiz uma ablação em 2009 e fiquei curada. :) Excelente médico, sem dúvida. Cumprimentos, Cátia

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    1. Excelente medico sem duvida. Gostaria de saber como funciona a ablaçao. Vou ter de a fazer. É dolorosa, demorada? Dá para levar sedação?

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  15. Eu tive dois episódios que me levaram ao hospital: Em Novembro de 2015 comecei com 190/200bpm por volta das 11pm e às 11am do dia seguinte o medico de familiar mandou-me tomar 20mg de Inderal, continuei pela tarde, e fui ao hospital ja em ritmo sinusal 100, deram-me tres aspirinas 50mg e alguma coisa para a ansiedade. Nao apareceu no ecg. Fiz Hotler,prova de esforço na semana seguinte e estava tudo normal. Fiquei a tomar 30 mg de Inderal por dia.
    No dia 23 de Fevereiro (véspera do meu aniversário) voltei a ter. Desta vez passou dos 70 para os 200bpm, tomei mais 20mg de Inderal e nao abrandou. Começou por volta das 5pm e fui ao hospital as 11,30pm. Fui ao hospital e segui directamente para a sala de tratamento. Duas injeções de Adenosina e volta aos 100bpm.
    Aumento da dose de Inderal para 60 diàrio repartido por 3 vezes.

    Hoje fui a um cardiologista que me passou Concor 1/2 ao deitar.

    Eu tenho a TA muito baixa (10/5) e tenho medo que ainda baixe mais com este novo medicamento. Alguém conhece?


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    1. A sua taquicardia é supraventricular? O meu médico também me receitou o Concor para a supraventticular, eu tb tenho a tensão muito baixa e ainda não iniciei tratamento, como o post já tem uns meses, como se sente com o medicamento? voltou a ter mais crises?

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  18. Boa tarde. Revi-me em vários relatos aqui descritos. Em 4 anos tive 4 episodios de taquicardia supraventricular, no entanto estes episodios não passam sem que tenha de ir para o hospital levar a dose de adenosina. Felizmente conheci o Dr. Nogueira da Silva. Excelente médico, sempre disponivel, sempre atencioso. Ele disse que era benigno e que a ablaçao curava-me, no entanto, mesmo tendo um seguro de saude, o valor ao meu encargo era muito alto para suportar e o Dr. deixou de dar consultas no público, só mesmo no privado. E então não avançei com o procedimento. Agora preciso de fazer uma cirurgia, que nada tem a ver com a cardiologia, e preciso de levar anestesia geral. O Dr. disse que não seria um risco de vida, pois é uma taquicardia beninga. O mais que poderia acontecer era ter uma taquicardia na cirurgia e ter de levar adenosina. Alguém aqui que tenha sido operado(a) mesmo sofrendo destes episodios pontuais?

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