21/05/2014

UMA HISTÓRIA SEM PÉS MAS DA CABEÇA


Ontem fui deitar o meu filho. Há dias que ele quer que seja a mãe. Outras vezes quer o pai. Ontem calhou-me a mim. Depois de o deitar e já com as luzes apagadas, ia eu a saír de fininho e diz ele "pai, conta-me uma história". Tudo bem. Fácil. Sento-me na cama dele e mal começo com o "era uma vez", ele diz-me "não. conta-me uma história da tua cabeça". Ok. "Era uma vez um menino chamado Santiago"... "Não pai. Uma história da tua cabeça mas não de mim". Ah é? Ah é assim que vai ser? A testar a minha criatividade, pequenito. Então vá.

Eu_ "Era uma vez um menino chamado Santiago"

Ele_ "Não pai, não pode ser eu, já disse."

Eu_ "Calma. Não és tu. Há mais marias na terra.

silêncio.

Eu_ "Este menino era o Santiago Nuñez"

silêncio.

Eu_ "Era cubano."

silêncio.

Eu_ "Então o Santiago Nuñez gostava muito do mar. Era de família. Viviam na praia. E um dia ele quis ir à pesca com o pai."

Ele_ "Qual pai?" (pergunta o sacana a tentar apanhar-me na curva)

Eu_ "O pai Nuñez."

silêncio.

Eu_ "Então, eles decidiram ir pescar"

Ele_ "Pescar o quê?"

Eu_ "Errr... Polvos. Decidiram ir pescar polvos."

Ele_ "Porquê pai?"

Eu_ "Porque sim."

Ele_ "Porque sim não é resposta".

Eu a suspirar_ "Porque gostavam de salada de polvo. Adiante. Então foram no barco por cima das ondas e pelo mar à procura da gruta dos polvos."

Ele_ "Quem?"

Eu_ "O Santiago Nuñez e o pai Nuñez"

silêncio.

Eu_ "Entretanto eles vêem uma ilha. Era ali. A ilha dos polvos. Chegaram lá e viram uma gruta. Espreitaram e viram o polvo lá dentro."

Ele_ "O que é que ele estava a fazer pai?"

Eu_ "Quem o polvo?"

Ele_ "Sim."

Eu_ "Errr... Estava lá a fazer o que os polvos fazem."

Ele_ "Não! O que é que ele estava a fa-zer?"

Eu_ "Estava a tocar maracas."

Ele_ "Maracas?!"

Eu_ "Sim. Maracas. 8 maracas. Os polvos têm 8 patas que se chamam tentáculos, portanto estava tocar 8 maracas."

Ele_ "E o Santiago Nuñez e o pai Nuñez?"

Eu_ "Estavam à porta a ouvi-lo. Então, não quiseram interrompê-lo e decidiram ir embora e não pescá-lo."

Ele_ "Não, não foram embora nada! E depois pai?"

Eu_ "Depois... Olha depois perguntaram ao polvo se podiam entrar na gruta e fazer uma jam session."

silêncio.

Eu_ "Então o Santiago Nuñez tocou tambor, o pai Nuñez guitarra e o polvo maracas. Cantaram uma música sobre viagens e aventuras."

Ele_ "Qual? Canta a música pai."

(porra) A minha mente começa a correr rapidamente todo o arquivo musical que tenho e que é vasto à procura de uma música sobre viagens e aventuras. E com toda a música que conheço qual é que me veio à cabeça?

Eu em modo lullaby_  "já fui ao brasil, praia e bissau, aaangooola e moçambique, goa e macau, já fui até timor, já fui um conqistaaadoooor..."

E quando dei por ele já estava a dormir. Não tenho é a certeza se embalou comigo a cantar, ou se apagou tal era a o efeito estupefaciente da minha história.

Seja como fôr, apagou.

Não tenho dúvidas. Histórias infantis e contos de embalar é comigo.

12/05/2014

QUEM É QUE QUER IR VIVER SOZINHO


Quando as pessoas me diziam "eles crescem tão depressa", não estavam a brincar. É que crescem mesmo. Ainda a semana passada dizia à minha mulher "vou ter saudades do miúdo nesta idade". Uma semana depois confirma-se. Tenho saudades de quando o meu filho era criança. É que agora com 3 anos e meio está já em plena adolescência. Tudo começou com a atitude de se fechar no quarto quando lhe chamo a atenção. E culminou esta semana com a seguinte conversa:

Eu_ "filho, ouviste a mãe? não voltas a fazer isso senão ficas de castigo, percebeste?"

Ele_ "Já não vou viver mais com vocês!" [vira as costas, braços cruzados e vai em direcção ao quarto]

Eu, com vontade de rir, mas sem me descoser_ "Não queres viver mais connosco? Então vais viver com quem?"

Ele, cheio de atitude e certeza_ "vou viver só-zinho".

Queres ir viver sozinho? Deixa cá ver:
  • fins-de-semana livres
  • noites descansadas em que durmo pelo menos 7 horas seguidas
  • sexo noutros sítios da casa sem ser na despensa. e sem interrupções
  • programas de televisão que não envolvam dinossauros híbridos, tartarugas mutantes ou monstros felizes
  • saídas à noite, concertos, cinema, jantaradas
  • comer uma refeição em paz sem nos levantarmos 10 vezes, sem dizer a palavra "come" 20 vezes, e sem apanhar metade da comida do chão.
  • abrir o frigorífico e tirar uma fatia de queijo ou presunto sem ser às escondidas
  • comer cajus sem ter de enfiar tudo na boca para ele não ver e pedir também
  • andar de carro sem ter de ouvir as mesmas músicas até à exaustão
  • andar de carro e poder dizer f#$a-se à vontade
  • tomar um duche sem ter alguém a defecar ao mesmo tempo e a dizer "já está"
  • conseguir sentar-me na sanita sem que entrem pelo WC adentro com uma bola e a chutem a 50 cm de mim direito à minha cara
  • dormir um sesta no sofá. sem ser em cima de animais extintos de plástico com chifres
  • andar descalço em casa sem espetar os pés em animais extintos de plástico com chifres
  • nunca mais ver animais extintos de plástico com chifres
Queres ir viver sozinho? Vamos procurar casa. Eu ajudo-te.

09/05/2014

HÁ QUEM DIGA QUE ESTE GAJO É UM BILF


No sexo não gosto de rodeios. E portanto, indo directo ao assunto, estou entre os nomeados BILF awards 2014. Alguns e algumas já devem saber o que é. Para quem não sabe, é um concurso levado a cabo pelo blog Quadripolaridades e que consiste nas pessoas votarem num blogger masculino como BILF do ano. Blogger I'd Like to Fuck. BILF. É uma honra porra. Saber que estou entre os principais 13 bloggers do país que alguém gostaria de pôr as mãos em cima para o deboche é de facto uma honra. Principalmente quando tenho um "blog de pai" com um nome como "Pés no Sofá" a concorrer com colossos bloggers como o Pulha Garcia, o Patife, o Menino da sua Mãe, o Pedro do We'll Always Have Paris, o Factos de Treino e o Homem Sem Blogue entre outros.

Este blog está longe de se bater com os mais sacanas. Não sou anónimo. Portanto não tenho aquele piquinho de mistério a dar largas à imaginação. Nem sou especialista em contos softcore nem hardcore. Quem vem aqui sabe para o que vem. Sabe como sou e sabe que vou escrever sobre a minha vida como pai. Às vezes à beira do sentimento, outras vezes à beira da insanidade. Um ambiente pouco propício a deambulações sacanas. Por isso é que me sinto honrado. Porque ainda assim, sou um BILF. Cum caraças. BILF.

E como nomeado a BILF, gostaria desde já fazer o meu discurso de agradecimento:

Queria agradecer em primeiro lugar à Deus e à minha família por todo o apoio. À Deus porque é deles o meu chapéu da sorte e que me dá aquele charme irresitível. À minha família porque, enfim, temos que ser uns pros outros, mesmo em votações para uns BILF awards (desculpa mãe fazer-te passar vergonha). Queria também agradecer a todas as pessoas que votaram em mim. Claramente gente de bom gosto. E quero agradecer à minha mulher sem a qual nada disto seria possível.
Não queria deixar também de congratular todos os nomeados. Todos eles, uns mais que outros, blogs que leio e visito. Todos eles merecedores sem dúvida das nomeações. Boa sorte para a 2ª ronda, que eu entretanto estou em 6º lugar e já não me safo. Na votação. Porque no resto vou-me safar e à grande. E não vai ser na despensa porque o puto vai para casa da avó.