19/02/2014

BLOGS I F#*KING LOVE: LARGA TUDO & SALVA O QUE PUDERES



Hoje é 2 em 1. Quero vos apresentar uma das pessoas que mais me inspira e que tem dois dos blogs que mais adoro. Mas primeiro vou vos apresentar a pessoa. Foster Huntington. Era designer para a marca Ralph Lauren. Vivia em Manhattan. E largou tudo para viver numa carrinha VW. Que depois substituiu por uma carrinha Toyota. Já fez 80,000 milhas a viajar e a viver naquelas carrinhas. Pelo caminho vai acampando, surfando, fotografando e registando as suas aventuras. E publica tudo no seu blog A Restless Transplant. As fotos que ele tira pelo caminho e que também podem ser vistas aqui deixam-me sempre com vontade de largar tudo e fazer o mesmo, confesso. Quem sabe um dia mais tarde. Entretanto o Foster tem também outro projecto incrível. Um blog chamado The Burning House que ele gere ao mesmo tempo que viaja. É um blog com uma simples premissa: se a tua casa estivesse a arder, o que é que levavas contigo?. As pessoas então submetem ao blog uma única fotografia e uma lista das coisas que salvariam. É interessante ver o que cada pessoa levaria consigo e faz-nos pensar sobre aquilo que mais valorizamos e porquê. Vale muito a pena ver qualquer um destes blogs. E parabéns ao Foster pela coragem.

É clicar nas fotos que já vão ver.

18/02/2014

"VAI-SE ANDANDO"



De vez em quando deparo-me com gente que me emociona até aos ossos. É o caso do Steve Fugate. Conheci o Steve através de um realizador/surfista que sigo e por quem tenho a maior admiração que se chama Cyrus Sutton*. O Cyrus recentemente documentou a viagem de Steve Fugate. Um pai que perdeu os dois filhos e que está a caminhar há 14 anos e há mais de 50,000 km em busca de cura e paz interior. E ao mesmo tempo ajudar outros a sararem os corações partidos. Já aqui escrevi uma vez sobre o que acho que deve ser perder um filho. Mas é só o que acho. Porque nem consigo sequer imaginar. E nem quero, como aqui já disse antes. Este pai perdeu dois. Os seus únicos dois filhos. Em dois momentos diferentes da vida. Perdeu tudo portanto. Sem mais nada para perder, fez-se à estrada. A pé. Carrega a "casa" consigo. E um sinal. A dizer LOVE LIFE em letras grandes. Pelo caminho, vai partilhando a mensagem com aqueles que se cruzam com ele. É um exemplo incrível de sobrevivência. Porque é isso que eu chamo à vida depois de se perder os únicos filhos que se tem. Sobrevivência. O Steve é um sobrevivente. Que no meio da escuridão consegue ver a luz. Ficaram-me algumas das frases dele. Umas ajudam-nos a perceber o que realmente importa na vida. Outras emocionaram-me até aos ossos.

Sinceramente não sei até quando o Steve vai caminhar. Ele diz que também não sabe. Diz que só vai parar quando conseguir o que quer. Mas quando lhe perguntam o que é que ele quer, ele responde que "só sei quando o conseguir". Até lá ele vai andando. Que é o que resta fazer quando se perde os únicos filhos que se tem. Acho eu. Vai-se andando. Como ele diz, "Quando perdi o meu filho, esqueci todos os outros planos que tinha. (...) Portanto, ando."

Espero sinceramente que o Steve consiga o que quer. E que pelo caminho consiga ajudar todas as pessoas com corações partidos.
Eu, bom, eu espero não ter nunca de caminhar o caminho de Steve. Mas se eu o visse, dava-lhe um abraço. Porque tenho orgulho nele. De me fazer acreditar que afinal a humanidade não está perdida. E de perceber o ridículo que é dizermos "vai-se andando" quando nos perguntam como é que estamos. É coisa que espero nunca dizer.

"A minha fé é sarar o coração partido enquanto ele ainda bate. É o que eu quero fazer."
- Steve Fugate

Para ver o caminho do Steve é clicar aqui.


*Nota: Cyrus Sutton é um realizador incrível e um surfista notável. Um homem DIY. Ganhou um Emmy pelo documentário The Next Wave: A Tsunami Relief Story. É autor do blog regressing forward e criador do site Korduroy TV. Cruzou-se com o Steve à beira da estrada na California no ano passado, um dia depois do natal. E fez esta curta. Thanks Cyrus for sharing. 

14/02/2014

A LOVER'S DAY


Dia especial hoje. Acordei às 5 da manhã. Para preparar um pequeno-almoço especial à minha mulher? Não. Porque adormeci ontem às nove e meia da noite. Porquê? Porque estava de rastos e a ver o filme Alice no País das Maravilhas pela centésima vez com o meu filho. Adormecemos os dois alapados no sofá enquanto a mãe metia a louça do jantar na máquina. Segundo consta, a minha mulher pegou no meu filho ao colo e foi deitá-lo na cama. Fez o mesmo comigo? Não. Deixou-me babado e torcido no sofá. Acordei à meia-noite com uma tartaruga ninja enfiada no ouvido e o dragão Godzilla enfiado nas costas e arrastei-me para a cama. Antes passo no quarto do meu filho para o aconchegar e piso a chave de fendas de brincar que ele deixou no meio do chão do quarto. Vou para o meu quarto a coxear. Deito-me. Às 4h30 da manhã, aparece o meu filho no quarto para me pôr a andar dali para fora. Sobe por cima de mim e mete-se no meio de mim e da mãe e foi me empurrando com os pés até eu estar a dormir no tapete do chão. Como eram 5 da manhã, já não me apeteceu dormir mais. Levantei-me. Fui acordar o meu cão e fomos até à praia. Apanhei chuva e vento o tempo todo. Muita. Estivemos lá 1 hora. Cheguei a casa eram 6h30. A minha mulher levantou-se e perguntou-me se estava tudo bem. Se eu sabia que horas eram. "Sim. Sei." Arrasto-me para o duche. Tomo banho e quando acabo já o meu filho está acordado e aos saltos no sofá. Tanta energia logo de manhã. Pede-me para pôr o filme da Alice. Às 7 da manhã. Outra vez. Enquanto estou a comer um iogurte natural sem açucar, digo à minha mulher "parece que hoje é dia dos namorados". Ela responde "E...?" Eu digo-lhe "e não tenho flores para te dar, mas mais logo dou-te uma coisa melhor" e dou-lhe uma apalpadela no derrière seguido de uma piscadela de olho enquanto saio da cozinha lentamente. Sem classe nenhuma. {em casa somos uns bimbos e mandamos piropos ordinários um ao outro} Saímos de casa e fazemos a rotina de sempre. Escola do miúdo, café e trabalho. Bebo café com ela depois de deixar o miúdo na escola e quando nos despedimos deseja-me um bom dia. Com o olhar de sempre. Aquele olhar que lhe conheço há já uns anos. Aquele olhar "se te apanho a jeito". Business as usual.

Então o que tem de especial o dia de hoje? Dormi menos que o habitual. E estou cansado comó raio. Mas ainda assim, mais logo não lhe vou dar flores.

Happy lover's day. Happy lovin'.

11/02/2014

SOMOS O QUE COMEMOS


Ontem tive uma conversa interessante com o meu filho sobre comer animais. Quando o vou buscar à escola e voltamos para casa, no caminho costumo lhe contar como foi o meu dia, o que fiz e o que almocei. Depois pergunto-lhe como foi o dia dele e o que ele almoçou. Ontem ele não estava para grandes conversas e portanto não lhe apetecia dizer o que almoçou. Respondeu "pão" naquela de me despachar. Tipo "deixa cá responder qualquer coisa a este gajo para ele não me chatear mais". Mas eu tenho o hábito de surpreender o meu filho com saídas inesperadas que dão lugar a conversas profundas. Mesmo quando não lhe apetece falar. E então a conversa seguiu-se assim:

Eu_ "só pão? pão com quê?

Ele_ "pão já disse"

Eu_ "Com gafanhotos?"

Ele_ "Gafanhotos?!" [cara de choque] "Quê?!"

Eu_ "Sim gafanhotos. Ou foram ratos?"

Ele_ [ainda em choque] "Ratos?!" [agora zangado] "Isso são animais! Animais não se comem!"

Eu_ "Não se comem? Achas que os animais não se comem?"

Ele_ "Claro que não! Depois ficam sem cara" [extremamente zangado]

Eu percebo o ponto de vista dele. Eu acho que ele ainda não percebeu que a carne e o peixe que ele come foram animais vivos outrora. Quando lhe aparecem no prato, não têm cara. Vêm em forma de bife cortadinho e douradinhos. Interiorizar que ele come animais, mexe com uma data de coisas que ele ainda não percebe. Ele só tem 3 anos. Habituou-se a ver ratos, vacas, cães, porcos, peixes e todos os animais com cara e personalidade. O Nemo, o Ratatouille, o rato Renato, a porca Pepa, a vaca que ri. Tudo animais com cara e personalidade. Comer animais é uma espécie de canibalismo no imaginário dele. Prontamente repudiado.

Bom, mas a conversa continuou e acabámos com algumas conclusões importantes. As aranhas não se comem porque picam. Mas teias de aranha já se podem comer. Essas não fazem mal. E as formigas também se podem comer porque não têm cara. Animais definitivamente não. Têm cara. Ovos também não. Têm pintinhos lá dentro.
Portanto, resumindo: nuggets não são de frango. São nuggets. Carne é de bife e não de vaca nem de porco. Frango não é galinha. O peixe que comemos é de pescada e de douradinhos e não dos peixes que estão a "dormir" nas bancadas da peixaria. Ovos que se comem são os de chocolate que trazem um brinquedo lá dentro.

Obviamente tudo isto tem de ser revisto mais lá para a frente. E das duas, uma. Ou vai interiorizar isto tudo muito bem, ou vamos ter um vegan em mãos. Mas por agora, com 3 anos, está muito bem assim. O que tem cara não se come. E ainda bem. Assim não corro o risco de ele querer comer caras de bacalhau. Odeio caras de bacalhau.

10/02/2014

UMA MULHER COM M GRANDE

A minha mãe {circa 1968}

Faz anos hoje. Nasceu em 1949. No ano em que Egas Moniz ganha o prémio nobel da medicina. Ano da criação da NATO. Ano em que a U.R.S.S. (era a antiga União Soviética meninos e meninas da nova geração) testa a sua primeira bomba atómica. Ano dos primeiros Emmys. Viveu a adolescência durante os loucos anos 60. E sobreviveu à primeira metade psicadélica de 70 e à segunda metade disco também. Um feito em si. Na metade psicadélica de 70 nasci eu. Não sei o que quererá dizer. Mas ainda bem que aconteceu. Veio da Argentina para Portugal para os EUA e de volta a Portugal. Na Argentina viveu e cresceu numa ilha. Ia de lancha para a escola. Estudou. Formou-se. Trabalhou. Sonhou. Lutou. Sobreviveu. Venceu. Do pai herdou a bondade infindável e o gosto por uma boa gargalhada. Da mãe herdou a sapiência e coolness típica de uma matriarca. Dela herdei o bom senso, a garra, a resiliência e a capacidade de amar e sonhar. Dela herdei o gosto pela fotografia. Dela herdei a minha primeira máquina. Uma velhinha Yashica que ainda hoje guardo. Com ela aprendi a admirar a força das mulheres. Com ela aprendi a gostar de Beatles, Anne Murray, Abba, The Carpenters, Neil Diamond. Comigo ela aprendeu a gostar de hard rock. Punk nem por isso. E continua a não morrer de amor pelas minhas tattoos. Mas não se pode ter tudo, né. Com ela aprendi muito. Só não aprendi a engolir comprimidos. Ainda hoje dissolvo os ben-u-rons na água. Continua com um sotaque espanhol que teima em desaparecer. Uma forma esquisita de pronunciar os S's. Liga-me sempre à hora das refeições. Almoço ou jantar. O que me irrita profundamente. Gosta de grandes conversas telefónicas. Logo comigo que odeio falar ao telefone e que uso o telefone como uma máquina de telegramas. Mas mesmo assim gosto dela. O meu filho adora-a. Cada vez que lhe pergunto se quer ir a casa da avó, é como se lhe oferecesse o mundo. É uma grande amiga. Uma grande mãe. Uma grande avó. É uma grande mulher. Ou melhor, uma mulher com M grande. Parabéns pelos teus anos de vida e e obrigado pelos que partilhaste comigo. Sei que as minhas irmãs sentem o mesmo. E os netos vão pelo mesmo caminho. Feliz cumple madresita.

05/02/2014

"I'M TOO COOL FOR THIS"


Parece que o facebook fez ontem 10 anos. E não sei se para marcar a data, mas deu a oportunidade a quem quisesse de ter acesso a um link que fazia um mini-filme dos últimos anos baseado em fotos, likes e mais não sei quê. Curioso que sou experimentei para ver o que saía. Sinceramente achei porreiro. Não propriamente o produto final , mas a ideia. E até achei (pouco) melhor que o do instagram que compilava as fotos com mais likes do ano. Ainda assim, eu faria um video bem melhor com as minhas fotos e com uma música à minha escolha. De resto como já fiz.
Mas a verdade é que nem toda a gente sabe fazer videos e nem toda a gente está virada para a criatividade. E por isso acho que o video foi útil e porreiro. Deu a oportunidade a qualquer pessoa ter uma breve compilação das suas fotos do facebook com um ar minimamente apelativo num formato de mini-video de alguns segundos. Além disso, acho que foi uma boa ideia de marketing, ao contrário de outras ideias de cáca que o facebook já teve. É verdade que o formato e a musiquinha é igual para toda a gente. E é óbvio que toda a gente iria experimentar (apesar de nem toda a gente admitir). Afinal é uma rede social com mais de 1000 milhões de utilizadores. E é natural que canse ver tantos "filmes iguais" no feed de notícias do utilizador. Mas é o facebook. Não é o behance nem o taxi. O que é que se estava à espera? A mim também me cansa a merda da picardia do futebol no facebook e que não traz nada de útil, mas enfim, é o facebook, portanto quem sou eu para esperar outra coisa. Tenho bom remédio. Não vejo e passo à frente. Como disse um amigo meu: "People... I will not watch your FB movie. I see the mini-series everyday". Portanto quem não quiser ver filmes de outras pessoas, é não ver e passar à frente. Agora deixem lá as pessoas que quiseram por um dia ter um mini-filme das suas fotos. Live and let live.