29/12/2014

E VÃO 33


Ela fez anos ontem. Sienna Miller. Ah a pinta desta mulher. A primeira vez que a vi foi num jantar em Soho em que ambos fomos convidados. Mentira. Foi no filme Alfie. Ainda hoje adoro ver esse filme só para a ver. Tem estilo que nunca mais acaba. Bonita até doer. Mulheres que querem saber o que é uma mulher gira, ponham os olhos nesta. Foi noiva do Jude Law, mas o gajo lá achou que a ama dos filhos era mais interessante e decidiu experimentar-lhe o colo. Lá pediu desculpa publicamente pela traição. Mas não se livra da reputação de otário. Ponto final.
Hoje é mãe de uma menina de 2 anos. Continua a ter uma pinta do caraças. Gravou um vídeo para a Vogue sobre a vida pacata e zen que leva {o que eu gosto daquela caneca no vídeo}.  E fez 33 anos ontem. Parabéns Sienna. You're a fucking icon.




22/12/2014

SÃO ASSIM OS AMIGOS




Ele_ "Pai, o Rodrigo não é o meu amigo."

Eu_ " Porquê? O que é que ele fez?"

Ele_ "Nada. Não me empresta o transformer".

Eu_ "Filho. Os teus maiores amigos na vida não vão ser aqueles que te emprestam o transformer. Vão ser aqueles que te ajudam a arranjar um para ti. E que vão saltar e cantar contigo quando conseguires. Vão ser aqueles que te abrem a porta sem nunca fazerem contas ou perguntar porquê. Os que te dão um abraço sem estarem bêbados. Os que não têm medo de dizer não quando não é não. Os que dizem sim quando sim é sim. Os que riem contigo até chorar e os que choram contigo até rir. Os teus amigos vão ser os maiores. Vão saber calar-se quando não precisares de ouvir mais nada. E vão gritar por ti quando ganhares. Vão estar sempre lá mesmo quando não estão. São assim os amigos. Percebes? Ainda achas que o Rodrigo não é teu amigo?

Ele {depois de uns segundos em silêncio}_ "Sei lá".

Eu_ "Vais saber filho."




BEST & WORST OF 2014 {MENSAGENS}

Mais uma lista. Desta vez as melhores mensagens trocadas com a minha mulher este ano. Vou já avisando que por vezes a linguagem não é a melhor, a escrita é new age e a etiquette não tem lugar aqui. Portanto para todos e todas vocês que apreciam casais com elevado grau de cordialidade e formalidade entre eles, nós somos um casal a evitar e estas conversas são simplesmente estúpidas.



  • Aquela vez que a minha mulher chamou-me "querida" depois de ter dito que tinha estado com outra técnica a resolver berbicachos. E eu fiquei com a pulga atrás da orelha.




  • Aquela vez que a minha mulher me mandou 2 ou 3 videos de músicas do Fábio Jr.




  • Aquela vez que descobrimos por acaso a Xana Toc-Toc no facebook.




  • Aquela vez que disse a palavra "tonhé" e deu lugar a uma reflexão profunda.




  • Aquela vez que estava aflito para ir ao WC fazer nº 2 e quando volto informo a minha mulher e ela pergunta-me sobre a tonalidade.




  • Aquela vez que ela fez anos e eu disse-lhe para escolher onde queria ir almoçar.




  • Aquela vez que já nem me lembro do que é que estávamos a falar, mas que visto agora parece ter tido um desfecho interessante.




  • Aquela vez que a minha mulher farta de ouvir kizomba todos os dias a toda a hora, pede ao Pai Natal um presente especial.


19/12/2014

BEST & WORST OF 2014 {POSTS}



Já sabem, né. É a lista do melhor de 2014, agora em relação aos posts que mais gostei deste ano. São 5 portugueses e 5 estrangeiros. Tinha muito mais, mas como na vida, tem que se fazer escolhas. Estas são as minhas:


Factos de Treino. Sobre a Jessica Athayde ser "gorda" muito se escreveu. Mas para mim ninguém escreveu melhor sobre o assunto do que o Factos de Treino. Uma análise simples mas au point. Curta e grossa. Grossa como a Jessica Athayde. Ver post aqui.


Pedagogia do Terror. Nunca vi um post de culinária tão bom como este. Instruções passo a passo. E tudo porque não tinha pão para o lanche dos filhos. Ver post aqui.


O Bom Sacana. Um dos melhores posts que li esta ano veio do Pulha Garcia. Talvez porque me identifiquei como sendo metade de um casal de sucesso improvável. Ninguém acreditava que a minha relação passasse das duas semanas. Ela era a menina bonita que não servia para casar. Eu era o idiota que estava a dar um tiro no pé. Toda a gente assistia ao espectáculo da plateia. Muitos apupavam. Poucos aplaudiam. But enough about me. Diz ele "Quem não é capaz de viver sem relevar todas as opiniões de terceiros não tem qualquer probabilidade de ser pessoa adulta feliz (...) Tão simples e tão falível". Como ele, também sou dos que torço pela Clarice e o Hannibal. Ver post aqui.


If a Poet Is Anybody. Duas amigas. Melhores amigas. Unha e carne. Uma morre. Outra vive. 15 anos depois uma carta. Tão simples e tão boa de tão simples que é. E uma frase que nunca mais esqueci: "Há uma parte de mim que ficará para sempre lá para ficar sempre contigo". Este post é de 2013. Mas gosto tanto que o meti aqui. Ver post aqui.


Menino De Sua Mãe. Pode não ser a lista definitiva para o sucesso de um homem numa relação. Mas porra que anda lá perto, lá isso anda. Um bom post sobre o que dar a uma mulher. Ver post aqui. [Este é mais ou menos um 2 em 1, portanto se a dúvida é para que é que uma mulher quer um homem, as várias hipóteses num post mais antigo mas igualmente bom aqui. Vou já avisando que a linguagem não é para meninos nem para meninas]


Baby Sideburns. Deixem-me só explicar uma coisa. Esta gaja é a maior. 'Tá explicado. Ver post aqui.


Humans Of New York. Este blog/site é dos meus preferidos de sempre. Estou lá sempre batido. E este foi um dos meus posts preferidos do ano. Epá não sei. Foi. Ver post aqui.


Kimbah Anne. Sigo a Kimbah há algum tempo. É uma mãe de 2. O filho foi diagnosticado com autismo. E este post é nada mais nada menos do que o desabafo de uma mãe às vezes perdida e às escuras. Às escuras porque viu a luz apagar no filho e a única coisa que ela quer é acendê-la. Adoro esta mãe pela força e pela vulnerabilidade que ela emana. Este post foi dos que mais me tocou este ano. Ver post aqui.


The Bloggess. É assim, este post leva algum tempo a ler. Primeiro porque é preciso saber inglês e perceber expressões idiomáticas. Depois porque é preciso parar de vez em quando para limpar as lágrimas de rir. Eu sinceramente leio estes posts e penso "f#$a-se, há gente com vidas interessantes comó caraças". Foi dos que mais me fizeram rir este ano. Já agora, o blog desta menina é brilhante. Ver o post aqui.


Korduroy. Este post foi escrito pelo Tim Baker mas publicado no blog Korduroy, um blog que sigo há algum tempo e que já aqui falei nele. O post é de um pai que está a ensinar os filhos a surfarem. E o dilema sobre o "empurrar" os filhos para as ondas. Um dilema com o qual eu próprio me debato e por isso gostei tanto deste post. Ver post aqui.


Experimentem estes posts que não dói nada.


18/12/2014

BEST & WORST OF 2014 {MÚSICA}

É aquela altura do ano outra vez. Listas do melhor e do pior por tudo o que é sítio. Não sou de me focar no pior, por isso vou só falar do melhor. E começo com música, coisa que adoro e faz parte da nossa vida nesta casa. 2014 foi um ano fraco para mim. Ainda assim, houve algumas coisas que gostei bastante. Outras fui repescar a 2013. Porque apesar de serem de 2013, ouvia-as muitas vezes em 2014. Ficam as 10 mais do ano + 1 música de Natal.


Willis Earl Beal. Este é dos que apareceu em 2013 mas ouvi-o até cansar em 2014. Este é um dos tipos de música que mais gosto. Especialmente esta. O gajo era sem-abrigo. Até que arranjou emprego como segurança noturno. Começou a gravar CD's com o dinheiro que fazia e espalhava-os juntamente com flyers pela cidade. Até que foi descoberto. Deu nisto. Do melhor. Conta também com a Cat Power na voz feminina.




Best Coast. Esta banda é das que mais gosto nos últimos anos. Esta música também é de 2013 mas também a ouvi em repeat em 2014. É uma música simples mas porra, como é boa. Além disso tem skateboarding no video.




J. Cole. Este gajo está farto de ganhar prémios. Não gosto de tudo o que ele faz, mas esta música é muito boa. Das minhas favoritas de 2014. Conta com a participação da Amber Coffman e dos Cults, outra banda que adoro. Este video conta uma história, por isso entertenham-se.




The National. Conheci esta banda com o falecido António Sérgio há já alguns anos. Gosto muito deles e em 2014 saíram-se com esta música. E saíram-se muito bem. É uma música que fala por si.




Night Terrors of 1927. Esta banda conhecia-a este ano. Esta música ouvia-a vezes sem conta. Tem a participação da Tegan & Sara que também adoro e ouço há muito tempo. O video está muito bom e vai passando a letra toda em vários sítios das imagens. Tens o coração partido como o meu filho que perdeu a namoradita que foi viver para outro país? Então esta é para ti.




Jack White. Este gajo tinha que estar aqui só porque é o Jack White. A música que lançou este ano não é tão boa como a de outros anos, na minha opinião. Mas porra, é o Jack White. Estamos a brincar?




Jessie Ware. Quando me quero armar em romântico ou quando consigo pôr o meu filho a passar o fim-de-semana com a avó, sai esta música. Mentira. Quando isso acontece, nem perco tempo a pôr música. Mas esta seria uma boa escolha. Esta menina lançou um dos melhores albums deste ano. Ponto final. E esta música é das minhas preferidas.




Bruce Springsteen. É o Boss, porra. Mas há dúvidas?




Sleigh Bells. Esta é do ano passado mas ouvia-a comó caraças em 2014. Para quem tem ódios de estimação.




Panama. Esta banda australiana foi das que mais gostei em 2013 e que continuo a ouvir por 2014 adentro. Por isso é que eles aqui estão.




Alicia Keys. Esta miúda fez a música do Natal. Ponto. Paz e amor. Mais nada a dizer.




Nota. Não há música punk apesar de ser um dos meus estilos preferidos. A razão é simples. Ninguém faz punk hoje em dia como faziam os Clash, os Ramones, os Sex Pistols, os Black Flag, os New York Dolls, os Misfits e por aí fora. Em 2014 então, fez-se nada.

17/12/2014

COSPE LÁ PARA O AR, VÁ

Há mais ou menos 5 anos atrás...


Ela_ Bem, viste a birra daquele miúdo na loja?

Eu_ Vimos nós e viu a loja toda. Aliás, acho que o país todo ouviu. Porra que cena.

Ela_ A atirar-se para o chão daquela maneira.

Eu_ Podes crer. No meu tempo eram 2 palmadas no rabo e acabava-se a história.

Ela_ Eu já não digo nada. Um dia que seja mãe sei lá se me calha o mesmo fado.

Eu_ Achas? Nem pensar. Comigo estas cenas não pegam. Miúdos mimados é o que é.

Ela_ Sei lá. Isto a gente nunca sabe. Mas também acho que não aturava uma cena daquelas.

Eu_ Mas é que alguma vez? Isto a culpa é dos paizinhos. Birras daquelas no meio de uma loja. Havia de ser comigo.



No presente...




Nota. Após mergulho para o chão, instala-se numa espécie de posição fetal. Eu sem dizer uma única palavra, saco do telefone e tiro fotografias. Ele, perante o meu silêncio, levanta a cabeça para ver se eu ainda lá estou. Atentem à expressão facial após constatar que eu estava a fotografar em vez de me estar a passar. Se isto não é manipulação e guerra psicológica, então não sei o que é.

15/12/2014

BIRTHDAY GIRL


É uma das pessoas mais fascinantes que conheço. Tem nela uma irreverência e rebeldia contagiantes e ao mesmo tempo uma aura de ingenuidade como só uma sonhadora pode ter. É o que chamo "sweet and spicy". É poética a rir. Sublime a ouvir. Desconcertante a sorrir.

Teve uma infância feliz mas interrompida por dois abalos que lhe testaram a fé. A morte do pai e da melhor amiga. Aos 10 anos teve de criar lógica no meio do que não tem lógica e se rearranjar do que não tem arranjo.

É uma lutadora e tem nela a fibra de muito poucos. Coragem para enfrentar qualquer desafio excepto animais de penas. Tem nela uma determinação capaz de mover paredes. Lutou por ela e pelo filho durante uma gravidez complicada e de risco. Tem uma fé inabalável na amizade, no amor e na vida. Sabe de música. Mas sabe mesmo. Ela a embalar o nosso filho a cantar "o menino d'oiro" do Zeca Afonso é das minhas coisas preferidas. De sempre.

Apaixonada por tattoos, tem no corpo histórias de vida. É leal aos amigos. Intolerante das falsidades. Mergulha de cabeça numa amizade. E às vezes bate com a cabeça devido à falta de profundidade. Já lhe avisei que tem de ver se tem pé antes de mergulhar. Mas o coração gigante fala mais alto e derrete-se facilmente. Faz a melhor açorda de camarão que já comi. E só por isso já valeu a pena casar com ela.

Diz que se tivesse vivido nos anos 60 talvez não tivesse sobrevivido. Sonha com Fiji. Dança Ramones e Maria Rita com o mesmo charme. Veste um vestido da Prada com a mesma pinta que veste uma t-shirt dos Black Sabbath. Ninguém vai de skate comprar um vestido de alta costura como ela. Foi experimentar e comprar o vestido de noiva sozinha. Uma self made woman. Casou de pés na areia. Comigo. E abrimos o casamento a dançar "Little Wing" do Jimi Hendrix. Hoje é minha mulher. Mãe do meu filho. Amiga incondicional nas marés baixas e nas marés altas. Hoje faz anos. Este ano não tenho vídeo. Por isso ficam alguns dos momentos que fazem dela um ícone nesta casa. Happy birthday baby. And happy wishes.






















09/12/2014

RELAX, SÃO SÓ COMPRAS DE NATAL


Este fim-de-semana teve de ser. Um dia no Shopping. Presentes de Natal e mais não sei quê.  Mas desta vez foi toda a gente. Eu, o miúdo e a mulher. Fomos de manhã porque está visto que as pessoas não gostam de acordar cedo. Muito menos a feriados. Mas como eu já tinha levantado os ossos da cama às 7 da manhã para levar o cão a correr e a nadar na praia, não me importei nada de ir cedo ao shopping. Melhor assim. Porque mal cheguei estacionei logo e à porta. Nada daqueles passeios de parque de estacionamento atrás da procissão no -1 à procura do lugar perfeito só porque embirram que não querem estacionar no -2 ou no -3. Estacionamento fácil e aí vamos nós.

A 10 metros da Primark comecei a sentir arrepios e suor frio. O cheiro a borboto já se me adivinhava. Parámos à frente da porta. A minha mulher olhou para mim e sem dizer nada sorriu. Disse "já volto" e desapereceu por entre a multidão. Eu com o meu filho ao colo mal tivemos tempo de nos despedirmos. "Boa sorte e vai com Deus" foram as últimas palavras que lhe dissemos antes de ir. Sinceramente, cheguei a ter dúvidas que voltássemos a vê-la. Mas eu já a vi às compras. Aquilo é o John Rambo das compras. Virámos costas e fomos à nossa vida, eu e o filho.

Lojas de brinquedos, loja de skate, surfshop, loja de legos, volta de comboio, fizemos um bocadinho de tudo. Até que passámos um daqueles espaços de babysitting para os miúdos ficarem e não enlouquecerem junto com os pais nas lojas. Perguntei-lhe se ele queria lá ficar. Disse logo que sim. Pensei "óptimo, fica e eu despacho as minhas compras de Natal". Quando vou deixá-lo, reparo que não tinha a minha carteira. Nem identificação nem dinheiro nem cartão. Nada. E lembro-me que a minha mulher tinha ficado com ela. A minha mulher que estava na Primark.

Olhos virados para o céu, "epá a sério Deus?". Vi-me levado a quebrar a minha jura. Decidi tentar entrar na Primark para encontrar a minha mulher. Eu e o meu filho. Antes disse-lhe "filho, vamos entrar nesta loja. Não quero que largues a mão do pai nem um segundo. Temos que nos manter juntos se quisermos voltar a saír." Não foram precisos mais de 5 minutos para sentir que estávamos a brincar com fogo. Num feriado a 2 semanas do Natal aquilo era outro nível. Estávamos bem fora da nossa liga ali. Incapazes de lidar com a fúria dos borbotos, o meu filho vira-se para mim a implorar "quero saír daqui pai. cheira a pó. esta loja cheira a pó." Ahhhh, tal pai tal filho. Eu disse-lhe, "filho, vamos já saír. O pai só queria encontrar a mãe, mas já vi que isso não vai acontecer. Vamos embora".

Saímos e já cá fora tentei ligar-lhe. O telefone tocava, mas ninguém atendia. Pensei o pior. Mas felizmente devolveu a chamada logo de seguida. Digo eu: "Estive aí... Não, está tudo bem... Preciso da minha carteira e ficaste com ela... Não consigo entrar outra vez... Sai tu por favor... Ok... Eu espero..."

Ficámos ali fora à espera. Eis que vejo a minha mulher a saír. Os olhos dela pareciam os de quem tinha acabado de dar na coca. Estendeu a mão com a carteira na minha direcção e disse com os olhos muita abertos e vidrados "toma... vou voltar... nunca mais faço compras de Natal noutro sítio... acho que vou conseguir comprar tudo hoje..." e foi. Virou costas e voltou a entrar enquanto falava sozinha ainda com cotão agarrado ao cabelo.

Eu, bem, eu larguei a criança lá no espaço de babysitting com um trampolim gigante. Agarrei em mim, sentei-me num sofá, mãos atrás da cabeça. Virei-me para o senhor que estava sentado no sofá ao lado cheio de sacos de compras aos pés e com ar desgraçado e disse-lhe com um sorriso: "Não adora as compras de Natal?"

05/12/2014

NÃO DANCES NÃO


Fui uma vez à Primark. Faz hoje quase 1 ano. Nunca mais esqueci. Ou melhor, nunca mais esqueci que fui, mas não me lembro muito bem do que aconteceu lá. O meu cérebro entrou em complete shutdown. Mas lembro-me bem que quando saí de lá disse à minha mulher que nunca mais lá entrava.

Mas quis o destino que não fosse bem assim. Então há cerca de uns meses, voltei lá. Fui ao engano. A minha mulher disse-me, "ah e tal, tiveste azar com a hora e o dia da outra vez. Experimenta lá ir a uma hora em que as pessoas estão a trabalhar. Vais ver que está tranquilo". Fui. Acreditei nela. Acreditei mal. Eram 11h00. Saí de lá às 12h00. Tudo para comprar um fato do Spider Man que o meu filho embirrou que queria. Estava esgotado. Ainda assim demorei quase 1 hora lá dentro. Não sei o que se passa com aquele sítio. Mas para mim entrar lá é como ser largado em plena Amazónia sem GPS e sem nada. Jurei daquela vez que nunca mais.

Quis o destino que não fosse assim outra vez.
Quis o destino que o meu filho tivesse que dançar uma música nesta próxima festa de natal da escola. Quis o destino que para isso, tem que ter um chapéu à Gene Kelly. Quis o destino que a única loja que tem um chapéu desses na península ibérica é... Primark.

Agora... disseram-me que era preciso o chapéu faz hoje 3 semanas. E disseram-me que na Primark havia. Eu tentei de tudo para não lá ir. Fui a dezenas de outras lojas. Procurei no Porto e em Lisboa. Em Sintra e em Cascais. Tentei encomendar pela Amazon. Eu estava disposto a gastar 30€ num chapéu que a Primark vende por 4€. Mas o dia D chegou. E eu sem chapéu.

Quis o destino que eu voltasse a pôr os pés na Primark.
Tentei planear isto de forma estratégica. Pensei "vou escolher uma Primark mais afastada. Uma que não dê para ir de transportes públicos. Elimino logo a percentagem de pessoas que não usam carro." Depois pensei "agora vou escolher uma hora em que as pessoas ou estão a trabalhar ou a caminho do trabalho no meio do trânsito. Assim elimino logo a percentagem de pessoas que trabalham." A minha concorrência seriam apenas as pessoas desempregadas ou de férias com carro. Sou genial pensei eu. E fui. Determinado a trazer o chapéu.

Quis o destino que a quantidade de gente desempregada ou de férias com carro é impressionante. F#$a-se, mas porquê?! Bom, é cerrar os punhos e entrar.

Entrei. Passados 5 minutos estava perdido. Não conseguia encontrar a secção de criança. Até que vi uma senhora com um carrinho de criança e seguia-a. Como quando um gajo vai atrás da ambulância que abre caminho no meio dos engarrafamentos. Lá cheguei à secção. E lá estava o chapéu. Agarrei nele e pus-me a correr por entre roupa e cabides que nunca mais acabavam. E lá encontrei as caixas para pagar. Uma fila, mas uma senhora fila. Porra. "Deus, por favor, ajuda-me, só mais esta vez" pedi eu de olhos postos no céu. Mas Deus tinha outros planos para mim. Depois de 10 minutos na fila e quando faltavam 2 pessoas para chegar a minha vez, olho para o chapéu e reparo que não tem etiqueta. Começo a tremer e a revirar o chapéu à procura de uma merda de um código de barras. Nada. Só instruções de lavagem. Olho para cima, para o céu, "Really Deus? Really?".

As cenas que se seguiram são tão tristes que não vou falar nelas. Só quero esquecer. Como tive de sair da fila e voltar lá à secção de criança que já nem me lembrava onde era outra vez. Como aquele chapéu era o único sem etiqueta e claro que foi o que tive de agarrar. Como tive de voltar a meter-me na fila para pagar que estava maior ainda do que da última vez. Como me perdi e não dava com a saída e só via os olhos tresloucados das pessoas que vagueavam por entre cabides a bater contra tudo e todos. Só quero esquecer.

Mas saí da loja com o chapéu à Gene Kelly de 4€. Sentei-me num banquinho a descansar. E a jurar com todas as forças que nunca mais. E juro, se o meu filho não arrasar na festa de natal e dançar como o Justin Timberlake com a porcaria do chapéu, vou viver para o meio de uma selva no Camboja como o Marlon Brando no Apocalypse Now.

03/12/2014

"LET'S START WITH A GOOD DAD"

Em relação ao último post, e depois de estar todo o dia a reflectir sobre a resposta a dar ao meu filho, encontrei a solução.

Vou oferecer um piano ao meu filho e ensinar-lhe a cantar esta música a quem lhe quiser bater.



Peace.

QUESTÕES DE GÉNERO PARA TOTÓS


O outro dia o meu filho deu um soco na barriga da prima. Ambos têm 4 anos. Chamei-o. A minha irmã disse logo "deixa estar que eu já lhe chamei à atenção". Mas para mim, só "isso não se faz" não chega. Disse-lhe para pedir desculpa à prima. E depois das desculpas, puxei-o à parte. Porque evito ralhar com ele à frente de toda a gente. Cenas minhas. Segue-se a seguinte conversa:

Eu_ Filho, nunca mais bates a uma menina. Nunca mais.

Ele_ Mas ela bateu-me primeiro. E tu disseste pra bater quando batem primeiro.

{caraças que este puto tem resposta sempre para tudo}

Eu_ Sim, mas não foi bem isso que eu disse. Eu disse para tu nunca deixares ninguém te bater. Se algum menino te bater, tu podes te defender. Defender é não deixares que te batam. Se for preciso, agarras os braços, empurras, mas não bates nunca primeiro. Só bates se não pararem. E é só aos meninos. Nunca bates numa menina. Nunca.

Ele_ Mas ela bateu primeiro.

Eu_ Às meninas, nunca. Nem quando elas batem primeiro. Nunca nunca.

Ele_ Porque é que às meninas não e aos meninos posso?

Eu_ .............. {shit} ......... Vá, vai lá brincar com a tua prima e deixa-me a pensar um pouco sobre isso.

02/12/2014

BLOGS I F#*KING LOVE: DE PARTIR O CACO



Hoje, o Blog I f#*king Love é o Caco de Mimo. Não sei quem é que o escreve. Nem sei bem do que é. Ou até sei. É de um bocadinho de tudo. Tipo uma sobremesa pijama. Sei que a autora se chama Miss Caco. É uma menina do norte parece-me. Sei lá, deve ser da pronúncia. Mas posso estar enganado. Sei também que caco quer dizer fragmento. E que em Cabo Verde, caco é um copo com pinga. Mas isso agora não interessa nada. Sei que tem um sentido de humor apuradíssimo. Conta uma história com muita graça e finais improváveis como aquela vez que um gajo não desencostava a perna da dela no autocarro. É a Sarah Silverman portuguesa, é o que é.  Gosta de comentar a actualidade como nem o Marcelo Rebelo de Sousa consegue. Tem um trabalho duro onde tem de trabalhar por vezes com alguns dos gajos mais feios deste país. É fã das Adidas Stan Smith e há quem vá parar ao blog dela ao pesquisar "coisas e cenas". Ou seja, quando o Google não tem resposta para pesquisas vagas, encaminha para ela. No meio disto tudo tem um Baby Caco e um Marido Caco. Mas atenção, aquilo não é um baby blog nem um family blog. Não se enganem. Se vão lá pelo nome fofo de Caco de Mimo, vão ver que aquilo na verdade é de partir o caco.
É clicar na foto para ver.

01/12/2014

I RUN BECAUSE...


Antes de correr ser moda eu já corria. Agora que é moda, continuo. Mas para mim correr não é só mexer as pernas depressa. É muito mais que isso. Não me vêem em minis, nem meias. Maratonas entenda-se. Não corro maratonas, nem color runs. Não corro por causas, nem por festas, nem por medalhas. Não corro por convívio. Quando corro não quero conviver. Não quero falar. Não quero ouvir ninguém. Não quero gente à minha volta. O único barulho que quero ouvir é o planeta a rodar. A única respiração a minha e a do meu cão. Por isso corro a horas e em sítios onde encontro o que quero e onde não encontro o que não quero.
Em pé às 6 da manhã para ir correr com o meu cão no meio do escuro e ver o amanhecer a caminho de casa. Com o risco de parecer exagerado, é poético. Quando o despertador toca às 5h45 de Dezembro, não há merda nenhuma que me apeteça mais. Excepto talvez vomitar. Mas levanto-me. Lavo os dentes. Visto a minha roupa de correr à prova de frio matinal de Dezembro junto ao mar. Bebo um copo com água e limão. Sans sugar. Because I'm bad ass. O cão já está sentado a olhar para mim à espera. Man's best friend. Sabe para o que vamos. Meto os headphones, beanie, fecho o casaco até cima e saímos os dois. Corremos no meio do escuro 4 km. O mundo está parado a essa hora. Pelo menos neste nosso caminho. Passo a passo, somos nós dois, o mar e os corações a baterem ao som das ondas. Olhos a chorarem do frio. Chegamos a Ribeira de Ilhas e paramos para cheirar o mar, porque ver ainda não dá. Dou-lhe uma festa. Sinto-me vivo. Sangue a correr. Pulmões a engolirem o ar do mar. Começa a clarear por trás de nós. Devagar devagarinho. Respiro fundo e fazemos mais 4 km de volta a casa. O dia começa a amanhecer e é das coisas mais incríveis de se ver acontecer. No meio da penumbra encontro-me. É como se tivesse Deus à beira da estrada a torcer por mim e a dar-me uma garrafa de água, a dizer "vai miúdo, força". Recarrego baterias e todo esse bla bla habitual. Já a chegar a casa estamos os dois de língua de fora. Eu e o cão. Mas de peito cheio. Tão cheios de vida e de paz. Antes de entrar, ainda na rua, páro para apanhar o fôlego, enquanto olho o horizonte. Viro-me para o cão e sorrio. Ele retribui o sorriso, agachado enquanto larga 3 tarolos jeitosos. Depois de apanhar o fôlego, apanho os tarolos. São 7 da manhã. O que um gajo faz para o cão não cagar em casa. Há melhor maneira de começar o dia?

20/11/2014

O MELHOR DIA DO ANO


Apesar de estar com uma gripe filha da mãe, apesar do frio e da chuva, apesar do meu cão ter comido a cama que lhe comprei há 2 dias, apesar de ter que pagar 400 € numas análises para o meu filho, apesar de não ter mais férias para gozar este ano, apesar do vento on-shore, apesar disso tudo, hoje é o melhor dia do ano. É o dia nacional do pijama*. Significa isso que hoje os miúdos e as miúdas vão vestidos de pijama para a escola. Ou seja, significa isso que é só tirar o meu filho da cama tal qual está e enfiá-lo no carro. Tout court. Ah, se todas as manhãs pudessem ser assim. Não me entendam mal. Adoro a minha família. Mas o meu filho tem um acordar de m*#da. Não é só na beleza que sai à mãe. As manhãs são dramáticas. Se pudesse mais ou menos comparar, as manhãs seriam tipo aquele programa Wipeout. E uma das tarefas mais difíceis é vesti-lo. Vesti-lo é o equivalente a fazer um cubo Rubik pendurado pelos pés e com as mãos atadas atrás das costas enquanto alguém nos dá com um pau nas pernas. Envolve por vezes uma dura negociação, uma cadeira e algumas cordas. E normalmente acaba com ele no carro a chorar aos berros, a mãe com a cabeça encostada ao vidro e eu a revirar os olhos. E apesar de saber que tem de se vestir todos os dias, todos os dias é o mesmo fado. Todos os santos dias. Menos hoje. O melhor dia do ano. É que nem o acordo. É agarrar nele e enfiá-lo no carro.

*O dia nacional do pijama  (20 de Novembro) explicaram-me ser um dia solidário de crianças para crianças, sobre o direito das crianças a crescerem numa família.

10/10/2014

A MENINA QUE NÃO SE DEIXA CALAR

A Malala. Tem 17 anos e um Nobel da Paz. Uma menina a mudar o mundo desde os 12 anos. Admirável. Inspirador. E de uma coragem que devia ser exemplo para todos. Um exemplo para os que apesar da coragem, se sentem por vezes abalados na sua luta, seja ela qual fôr. Um exemplo também para os cobardes que se vergam sob o medo e a ameaça. E um exemplo para os que disparam por trás de caras tapadas e anonimato. É impossivel falar da Malala sem preceber um pouco a sua relação com o pai. Um homem que luta pelos seus ideais e como pai quer o melhor para a filha. Mesmo que às vezes isso não pareça ser o melhor para a filha. Um homem que transborda de orgulho e admiração pela filha. Uma filha que olha para o pai como um herói. Alguém que ela acredita ser capaz de mudar o mundo. Um pai que olha para a filha da mesma maneira. Alguém que ele acredita ser capaz de mudar o mundo. Este respeito, admiração e empowerment mútuos é o que diferencia os heróis do resto. Não é perfeito. São uma família e como família devem ter os seus dias. O pai há de ser chato e exigente às vezes. A filha há de ser refilona e respondona. A mãe há de ter as suas coisas e os seus dias também. Mas do respeito, da admiração e do empowerment não tenho dúvidas. Vê-se na cara dele. E na cara dela. Não os conheço. Mas já vi aqueles olhares antes. O olhar de quem acredita. O olhar de quem muda o mundo. Costumo dizer que o mundo não se muda de uma só vez. Muda-se uma pessoa de cada vez. Se pensarmos que há cerca de 7 mil milhões de pessoas no mundo, é coisa para demorar um bocadinho. Mas se houvesse mais gente com o estofo da Malala e da sua família, a coisa dava-se mais depressa. A Malala levou um tiro na cabeça quando vinha da escola. Não porque foi à escola. Mas porque há quem ache que coragem, igualdade, progresso e humanidade se matam com um tiro. Os tais cobardes que se escondem atrás de caras tapadas e anonimato. Não tenho dúvidas que o pai se deve ter sentido culpado. Em algum momento. Nem que fosse por um só segundo. Qual o pai que não teria? E isso leva-nos à "million-dollar question". Dar o peito e a cara pelo que acreditamos? Ou encolher e fugir sob medo? Qual nos salva? A Malala sabe qual.

Nota. O vídeo abaixo contém imagens gáficas que podem impressionar.

RETRATO DE UMA FEMINISTA


Casei com uma feminista.

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Se há coisa que me deixa com os nervos em franja são generalizações. Principalmente quando elas se referem aos homens e às mulheres. Sou feminista. Não tenho qualquer pudor em dizer que sou feminista. Na escola do meu filho sabem que sou feminista. No meu trabalho sabem que sou feminista. Os amigos e amigas sabem que sou feminista. Os conhecidos e conhecidas sabem que sou feminista. Eu sempre soube que sou feminista. Uso a palavra feminista muitas vezes propositadamente. Uso-a para que de uma vez por todas ela perca a conotação negativa que tem. E como feminista luto pela igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Há uns dias li um texto intitulado de "Mãe é Mãe", onde uma senhora exponenciava o papel da mãe, passando o pai para um papel secundário. Fiquei doente! Felizmente para mim, enervo-me com estas coisas. A senhora dizia que ser pai é muito mais fácil do que ser mãe. A senhora dizia que o pai não velava o sono do bebé. A senhora dizia que o pai entrega o bebé à mãe sempre que começa a chorar. A senhora dizia que o papel do pai é muito importante, mas que mãe é mãe. 
Senti-me tão ofendida. Senti vergonha alheia. Os meus dois modelos de paternidade são inevitavelmente o meu pai e o pai do meu filho. Os pais da minha vida faziam tudo o que a senhora diz que os pais não fazem. Pasme-se. 
Mãe é tão Mãe como Pai é tão Pai! E não me venham com a história de que a gravidez e a amamentação são condições que proporcionam à partida uma relação mais próxima entre mãe e filho/a do que pai e filho/a. BullShit!!!! Nós mulheres queremos ter as mesmas oportunidades que os homens no mundo do trabalho (onde ainda hoje em Portugal as mulheres são remuneradas muito abaixo dos homens; onde ainda hoje em Portugal as mulheres não são recrutadas para um posto de trabalho porque eventualmente podem engravidar; onde ainda hoje em Portugal as mulheres acham que têm de agir como homens - seja lá o que isso for - para ascenderem a lugares de chefia). Chega caramba!! Se queremos igualdade temos de praticá-la. A igualdade só será possível quando estas mulheres que acham que "Mãe é Mãe" deixem de se fechar no seu monopólio maternal percebendo que a última coisa que faz delas mães é a biologia, a última coisa que faz de uma mãe Mãe é carregar o filho ou filha na barriga e os amamentarem. Serei eu menos mãe por ter tido uma gravidez de apenas 7 meses e ter dado de mamar uns míseros 3 meses? Não! Não mesmo! O que faz de uma mulher mãe é a relação que  constrói com os filhos e filhas, aplicando-se o mesmo aos pais. Ofendo-me. Ofendo-me quando leio estes textos e sinto uma profunda injustiça para com o meu pai e para com o pai do meu filho. Sinto que estes textos perpetuam uma parentalidade desigual. E somos nós mulheres que lhes damos voz. Nós que tanto penámos e ainda penamos por uma sociedade justa, que não olhe para nós como cidadãs de segunda, que fazemos exactamente a mesma coisa com os homens que lutam por uma sociedade que não os olhe como aves raras quando vivem a sua paternidade como uma das "tarefas" centrais da sua vida. Quase fui linchada quando num grupo de mulheres disse que não acreditava no instinto maternal. Onde é que está esse instinto quando lemos as imensas notícias de negligência, maus tratos e abandono por parte de mães para com os seus filhos e filhas. Onde? Se fosse um instinto iria sobrepor-se a tudo o resto, certo? As relações que criamos com os filhos e filhas são isso mesmo, são relações criadas, construidas, quer sejamos pai quer sejamos mãe.

Irina.

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Orgulhoso de ter uma pessoa iluminada ao meu lado e como mãe do meu filho.


07/10/2014

BLOGS I F#*KING LOVE: ISTO É CAFÉ DO BOM


Hoje o Blogs I f#*king Love é para rir. Jerry Seinfeld foi um tipo grande nos anos 90. O Papa viu e gostava da série Seinfeld e dos personagens neuróticos que por lá andavam. O meu cão também. Toda a gente via e gostava. O homem entretanto desapereceu durante uns tempos e nos últimos 2 anos tem uma série na web chamada Comedians in Cars Getting Coffee. É o Jerry Seinfeld a ir buscar um comediante amigo num carro antigo (vintage para vocês new age hipsters) para depois irem beber café. Não é bem um blog, mas é mais ou menos um blog. O que não é mais ou menos é o que se passa lá. Os meus preferidos são os Single Shots, pequenos vídeos de cerca de 2 minutos sobre um tema específico. Para quem é apreciador de café e carros e comediantes. Ou para quem simplesmente gosta de café. Ou só do Seinfeld. Ou então se quiserem começar o dia com o sorriso na cara. Ou para quem quer simplesmente abstrair da voz irritante daquele colega de trabalho que só sabe falar de futebol às Segundas de manhã aos altos berros de modo que só dá vontade de lhe espetar com uma caneca de café pelos cornos abaixo. Também dá. É clicar na foto que já vão ver.

22/09/2014

COMEÇA A GANHAR ASAS

Estes dias são os meus preferidos. Aqui faz-se história. Obrigado pelos melhores momentos da minha vida, puto.



Nota. o puto de 3 anos quase 4 a subir o quarter-pipe em alta velocidade enquanto me dá a mão é o meu filho. just saying.

17/09/2014

O QUE TU QUERES SEI EU


"pai, quero uma méspê".

Eu_ "uma quê?"

Ele_ "méspê! méspê! não sabes?"

Eu_ "não filho. não sei. é o quê?"

Ele_ "é uma coisa preta para jogar."

Eu, incrédulo, mas ainda em dúvida_ "uma PSP?"

Ele_ "sim é. uma péspê".

E começou desta forma a birra de 30 minutos até casa. Diz ele que quer uma PSP. Digo eu que nem pensar. PSP. PlayStation Portátil, não as forças de segurança. Deve estar a brincar comigo. Ao que parece, um miúdo lá da escola tem uma e levou-a. Um colega dele portanto. Um miúdo de 4 anos. Com uma PlayStation Portátil. Teria muito a dizer sobre isto. Na verdade, apeteceu-me falar no assunto na reunião de pais que tivemos na escola esta semana. Falar como à conta disso tive de levar com uma birra monumental do meu filho. Como tive de explicar a um puto de 3 anos porque é que o amigo tem uma PSP, mas que ele não pode nem vai ter uma. Como tive de ser incisivo e assertivo na minha posição intransigente de "não te vou dar nenhuma PSP". Como tive de fazer um exercício de retórica e pensamento abstracto para além do humanamente possível de forma a explicar-lhe porquê. Como por causa do amigo e da sua PSP tive um final de dia de merda e o meu filho também. Mas epá, quem sou eu para julgar os outros pais. Os pais do Zé (vamos chamar-lhe assim) também certamente não concordarão com o meu filho a andar de skate sozinho com 3 anos. Um desporto perigoso e que pode levar a que ele parta um braço ou uma perna.

A mim faz-me confusão os pais queixarem-se que os putos são muito dependentes dos jogos e dos iPads e iPhones, quando são eles que os põem nas mãos dos filhos com 3 anos. A eles deve fazer confusão eu queixar-me do meu filho se espetar em ouriços quando sou eu que o deixo andar em cima das lages no mar. Ou de me queixar da frustração dele quando não consegue alguma coisa, quando sou eu que lhe digo que ele consegue tudo se quiser. É assim. Somos todos os melhores pais do mundo. E somos todos uns pais de merda. Tive muita vontade de falar no assunto na reunião. Mas depois não o fiz. Porque isto é uma lição. O meu filho nem sempre vai ter tudo o que o amigo ou colega tem. Nem os amigos ou colegas vão ter tudo o que ele tem. Ele tem de aprender a lidar com isso. E eu tenho de aprender a conseguir explicar o inexplicável. Ou pelo menos que faça algum sentido na cabeça dele. E se eu conseguir isso com um miúdo de 3 anos, raios me partam se não vou conseguir convencer o meu chefe a dar-me um aumento e a reduzir-me a carga horária.

12/09/2014

O MEU 11 DE SETEMBRO: CRISE DE MEIA-IDADE


40 anos. Qua-ren-ta. Não sei. Parece que não soa bem. Mas já cá cheguei. Portanto tenho que me habituar ao som. Ontem fiz 40 anos. Cheguei oficialmente à meia-idade. Portanto, é tempo de crise. E para começar bem, ontem à noite enquanto tentava adormecer, pus-me a fazer uma retrospectiva da minha vida. Década a década. Cheguei à conclusão que isto tudo passa num instante. Mas apercebi-me também de uma coisa. Que a década que parece que durou mais foi a dos 10 aos 20 anos. E comecei a pensar porquê. Apercebi-me que foi a década que mais transformação e rebaldaria passei. Nem sei como é que estou vivo.

Dos 10 aos 20 anos acontece de tudo. Ciclo, liceu e faculdade tudo na mesma década. A brincadeira é com GI Joes, caricas e fisgas. Passa para pistolas, gameboys e revistas da Playboy e da gina. A puberdade. A descoberta da masturbação. Primeiras paixões assolapadas. Primeiros beijos. Primeiro baile de gala. Primeira medição com régua. Aperfeiçoamento da masturbação. Primeiras bebedeiras. Primeiro cigarro. Surf pela primeira vez. Festas de liceu. Primeiro trabalho de verão. Part-time's. Primeiros ordenados. Perda da virgindade. Primeiro desgosto de amor. Primeira relação séria com direito a conhecer os "sogros". Carta de condução. Primeiro carro, desculpem, chaço, que é preciso empurrar para pegar. Pago com os primeiros ordenados. Mentiras aos pais. Paixões de verão. Tardes com os amigos na praia. Noites com os amigos na rua. Saídas com os amigos à boleia. Chegadas a casa às 6 da manhã. Manhãs passadas na cama. One night stands. Festas académicas. Primeiro preservativo rompido. Primeiro susto com possível gravidez. Aperfeiçoamento das mentiras aos pais. Primeira vez a acampar. Primeiros concertos. Vida dividida entre 2 países. 4 cidades diferentes. Primeira crise existencial. Primeira afirmação pseudo-intelectual. Primeira porrada. Grandes amizades. Melhores amigos. Arqui-inimigos. Boas notas. Más notas. Ano chumbado. Sova levada. Primeiros livros. Primeira vez no cinema sozinho com uma miúda. Sexo no carro. Mais festas. Primeira vez a viver sozinho. Porra. É uma década que dura e dura e dura.

Dos 10 aos 20 anos é "primeiras vezes" que nunca mais acabam. As mudanças que uma pessoa passa nesses 10 anos são tão intensas e variadas que esses 10 anos mais parecem uma vida inteira. Muita asneira e muita coisa boa. Olhando bem para trás, fico impressionado como o ser humano consegue sobreviver a esses 10 anos. Somos de facto seres muito resilientes.

Agora com 40 olho para trás com o sentimento de um herói de guerra. Medalha de honra ao peito, histórias de guerra para contar, de whiskey na mão a olhar o horizonte. Fiz o que tinha que fazer. Bem ou mal, foi feito. Teria feito algumas coisas diferentes, outras faria tal qual as fiz. Houve alguns arrependimentos mas é a vida. Mas foram uns 10 anos do caraças. Acho que foram 10 bons anos mas tiveram o seu tempo e já lá vão. Assim como a juventude. Também já lá vai. O tempo agora é outro. É tempo de 40 anos. A minha mulher gosta. Diz que é sexy andar com um quarentão. Sendo assim, deixa cá ver: qua-ren-ta. Afinal soa bem.

09/09/2014

OS 15 MINUTOS DE FAMA FORAM MAIS 2 HORAS

Puto do caraças este. Este domingo estivemos na Boardriders Quiksilver em mais uma "festa". O Initials Tour da DC. Lá o meu filho conheceu o Chris Cole. Um dos melhores skaters da actualidade e do mundo. Tirei-lhes uma foto lado a lado que vai ficar para a História pessoal do meu filho. O Chris Cole ainda lhe assinou o skate e esteve a mostrar-lhes as tattoos. A seguir teve um poster da DC assinado por toda a equipa. Todos eles gente boa que cumprimentaram o meu filho, cada um deles.

Depois da sessão de autógrafos, o meu filho foi para o skatepark andar e conseguiu pela primeira vez fazer o quarter pipe sozinho. Claro que tendo ele ainda 3 anos e a andar de skate sozinho, foi alvo da atenção de muita gente por lá. Algumas pessoas aplaudiram-no, outras sorriam, outras fotografavam. Os 15 minutos de fama que se prolongaram.  Ele estava "in the zone" e portanto nem se apercebia da atenção. Ele só queria andar. E foi o que ele fez, ao som da música punk que as colunas debitavam. Com os braços no ar e cara de quem vai conquistar o mundo. Para que é que isto tudo interessa? É um orgulho do caraças. Tenho um orgulho nele que enche-me o peito até me faltar o ar. Eu ali de lado, a vê-lo. Este prematurozeco que nasceu com um quilo e novecentos a andar de skate sozinho num skatepark cheio de gente a ver. A subir e a descer uma rampa sozinho. A caír e levantar-se sozinho. A vir a correr para mim como o skate a arrastar debaixo do braço a gritar "pai, não me magoei pai". A voltar a meter-se em cima do skate e tentar de novo a rampa. Orgulho. Não sei o que o futuro lhe reserva. Sei lá se vai gostar de andar de skate, ou surf, ou pintar ou escrever ou seja o que fôr no futuro. O que sei é que ele se diverte. E eu divirto-me a vê-lo. E a ver os outros a vê-lo. De peito cheio. Excepto quando o gajo veio a correr direito a mim e me empurrou devagarinho para trás enquanto dizia "vai para ali pai, vai". Sendo que "ali" era encostado ao fundo numa parede. Já começa.