04/11/2015

CHANGES


Para quem ainda não sabe, este blog voltou. Mas não aqui. Para quem entretanto veio cá e levou com um sinal na porta a dizer que o blog estava reservado só para leitores convidados, não se zanguem. Era a mensagem automática por eu ter fechado aqui a barraca para obras. Nem a minha mulher conseguia entrar. Por isso, não é nada pessoal. Mas entretanto como não gostei das obras nem da zona, decidi-me mudar. Voltei a abrir esta porta só para vos avisar e para vos dizer para onde fui. Mudei-me para aqui: pesnosofa.com. Ou então cliquem na foto.

Para quem quer reler as pérolas que andei para aqui a escrever nos últimos anos, tem agora a oportunidade durante tempo limitado, porque daqui a uns tempos vou fechar isto outra vez. Quem quiser me visitar tem de ir à casa nova.

A vida é assim. Mudanças fazem parte. Na vida real mudei de casa 9 vezes nos últimos 10 anos. No joke. É uma média de 1 vez por ano. O meu filho que tem 5 anos já viveu em 4 casas diferentes (eu sei, somos um exemplo de estabilidade). E quando os amigos nos querem visitar, vão à casa onde vivemos, não às antigas. Aqui é a mesma coisa.

Mas tal como na vida real, quando estamos nostálgicos, gostamos de rever coisas do passado. E da mesma maneira que tenho fotos e outras coisas do passado em casa para matar saudade, também no novo blog vamos ter oportunidade de sermos nostálgicos e reler algumas coisas do antigo blog. Porque de tempo em tempo, vou republicar um post original deste blog que vai fechar.

Assim, vou mobilando a nova casa também com algumas coisas porreiras do passado. Um gajo quando muda de casa não manda tudo fora. Se bem que com as vezes que mudei de casa e com o trabalho que dá, estas últimas vezes bem me apeteceu deixar lá tudo.

Abraço.

03/06/2015

GOOD NIGHT & GOOD LUCK


Foram tempos engraçados. Textos e histórias giras. Uns mais que outros. Havia muito mais para contar. Algumas coisas ficaram por dizer. Mas isso há sempre, né? O meu filho faz 5 anos este ano. Chegou o momento de dar por terminado este ciclo. Talvez volte um dia. Talvez não. Talvez volte de outra maneira. Não sei. Sei que foram 2 anos e tal por aqui. Bem passados e em boa companhia. Obrigado a todos e todas que por aqui pararam para ver, ler ou escrever. Não gosto de prolongar o adeus, por isso, a gente vê-se por aí.

Good night & good luck.

29/05/2015

BLOGS I F#*KING LOVE: AWESOME PEOPLE HANGING OUT


Hoje partilho um blog que visito de tempo a tempo. O Blog I F#*king Love de hoje é o épico Awesome People Hanging Out Together. Já existe há uns 4 anos e cruzei-me com ele em 2011. Na altura, eu tinha começado um blog no tumblr e tropecei nele por acaso. Fiquei curioso com algumas das fotos publicadas na altura, e à medida que o tempo passava o blog foi ficando cada vez melhor com mais e mais fotografias. Mas eu explico para quem não conhece:

É um blog que reúne fotografias improváveis de celebridades ou gente conhecida juntos. São uma espécie de fotografias casuais ou de bastidores. E são brilhantes. As mais antigas são as minhas preferidas.

Mas encontra-se um pouco de tudo: o Miles Davis a falar ao ouvido do Steve McQueen; o Picasso a falar com a Brigitte Bardot; a Kate Moss com o Johnny Depp e o Iggy Pop todos a beberem um copo; o Salvador Dali a beijar a mão da Raquel Welch; a Sophia Loren a mancar o peito da Jane Mansfield; a Nancy Sinatra na cusquice com a Mia Farrow; a Jane Fonda e o Alain Delon a fumarem um cigarro; o Paul Newman a tocar trompete enquanto o Duke Ellington e o Louis Armstrong tapam os ouvidos; o Hemingway à conversa com o Fidel Castro e por aí fora. Epá acho que já perceberam. São muitas e boas.

É um blog fabuloso. Verdadeiras relíquias e momentos que nos sacam um sorriso ou nos deixam a imaginar. Não sei quem é o autor ou a autora do blog, mas foi uma ideia que tem tanto de simples como genial e eu sou fã.

São tão boas que é difícil escolher uma favorita. Mas o olhar da Marilyn Monroe ali em cima para o Arthur Miller é das que mais gosto.

É clicar em qualquer uma das fotos que já vão ver.

 

27/05/2015

DA PUBLICIDADE EM BLOGS {OU COMO COMECEI ESTE POST COM A PREPOSIÇÃO "DE" CONTRAÍDA COM O ARTIGO DEFINIDO FEMININO SINGULAR "A" NUMA DE REFLEXÃO PROFUNDA DE UM TEMA QUE ME VAI CUSTAR CARO MAS QUE QUERO LÁ SABER PORQUE ASSIM COMÁ ASSIM NÃO IRIA RECEBER NADA MESMO DAQUILO QUE GOSTAVA DE TER}


Hoje cruzei-me com um post de um gajo que dá pelo nome de Factos de Treino. Já devem ter ouvido falar dele. Aqui no meu blog, já lhe fiz uma referência ou duas. Hoje tocou num assunto no qual eu próprio já fui confontado. Patrocínios e publicidade nos blogs. Vê-se muita coisa por aí e há um bocadinho de tudo nesta selva de blogs. Mas os espécimes mais comuns são estes:

Bloggerus Papa-tuditus: para o Bloggerus Papa-tuditus tudo o que vier à rede é peixe. O Bloggerus Papa-tuditus inclui tudo na sua dieta. Consumidor ávido de todas as invenções patenteadas ou não, mesmo que não precisem de um alimentador automático de formigas-da-índia, venha lá disso que não se estraga.

Bloggerus Pedinchonaes: este espécime está sempre a fazer-se ao bife. Fazem choradinho, imploram, imolam-se, tudo vale para conseguir aquela bisnaga de Colgate Branqueadora. O chamamento para atrair colaborações assume várias formas. Não é raro vê-los a gritar em sofrimento por uma refeição à borliú no Mercado da Ribeira. Apesar de ser de uma espécie diferente, gostam de se misturar com os Bloggerus Papa-tuditus. Chegam a cruzar e a coabitar os mesmos espaços.

Bloggerus Publicidadaes Eunempensaris: estes são os ninjas dos bloggers. Espécie furtiva, fazem publicidade, mas parece que não fazem. Ou melhor, eles acham que parece que não fazem. O seu método é quase sempre de emboscada. Aliciam a presa para um post chamativo como quem-não-quer-a-coisa-mas-quer e quando menos se espera, pumba, estamos a encomendar comida do "sítio do costume", que diz que aquilo é do melhor.

Bloggerus Vipus Maspoucus: estes são os que gostam de fazer parecer que vivem dos blogs, mas na verdade bulem no duro como todos nós. Alguns chegam a ter a alta recomendação de um dos canais Fox, mas ao contrário dos bloggers mais transparentes, o Bloggerus Vipus Maspoucus faz de conta que foi convidado ou descoberto pelos scouts da Fox e lido pelos executivos da Fox. Quando o humilde fã lhe pergunta como fez para conseguir, não responde, com medo que se descubra que basta um email para a Fox (geral @fox.com) a solicitar, que passados uns tempos eles facultam o logotipo que diz "Blog recomendado pela Fox Life ou 24 Kitchen" para pormos todo bonito no nosso blog. You're welcome.

Bloggerus Naovounaconversatis: Esta espécie tem a mania que é única. Acha que o seu blog fala por si e não precisa cá de colaborações desiguais para garantir a sua sobrevivência. O Bloggerus Naovounaconversatis acha que se encontra num estado mais puro. Alimenta-se do seu ego e dos seus poucos mas fiéis seguidores. Na verdade cagou para o número de visualizações ou de "likes" no Facebook. A revista AARP (revista americana de reformados) que é a publicação com mais tiragem do mundo, é melhor que a Playboy? Ou que a National Geographic? Exato.


Eu? Bom, eu acho que sou um Bloggerus Naovounaconversatis. Eu cá já recebi convites para publicitar isto ou aquilo. Recusei sempre educadamente. Não tenho nada contra quem o faz. Nem tenho nada contra como o fazem. É a sua perrogativa. E também percebo muitas agências e marcas. Publicidade a troco de nada ou de quase nada é sempre um bom negócio para uma empresa que fatura milhões por mês. Mas nem toda a gente está virada para a promoção de um produto num blog a troco de meia-dúzia de fraldas ou de uma noite a beber gin à pala.

Não sou mais nem menos que os outros. Nem é o meu objetivo viver de produtos dados a troco de publicidade. Citando o Factos de Treino, "não sou a amante barata. Nem esta é a casa onde vêm dar uma fodinha, para depois irem gastar os seus salários milionários com a respeitável esposa".

Há gente a aplaudir e a dizer "f#$a-se és hardcore; não és um sell-out; continua assim". Há outros a dizerem "olha-me este com a mania que é incorruptível; tem a mania que é mais que os outros; querias era comer à pala e não consegues".

Eu digo isto: who fucking cares. Se anseiam por fins-de-semana de borla, se adoram dar a conhecer o novo papel higiénico com sabor a morango, ou se juram pela qualidade daquela refeição congelada de um hipermercado para terem mais um voucher de 2% de desconto nos douradinhos, força aí. E se acham que eu tenho a mania que sou fino porque não me apetece inventar um post sobre calamares e como eles mudaram a minha vida ou como aquela espuma de barbear deixa a minha cara como um rabinho de bebé apesar de eu só aparar a barba com máquina, é porque este blog não é para vocês.

Este blog é sobre a minha vida como pai e mais algumas coisas que vou metendo para aqui. O que não é de certeza é o Centro Comercial Balbúrdia. De modos que, Factos, estou contigo. Mas ao contrário do título do teu post, não pretendo que a minha vida dependa disto. É que é exatamente o contrário. Isto é que depende da minha vida. E essa meu amigo, não há preço que compre. This blog is not for sale.


Nota. Isto é válido para todos os produtos exceto:

  • Roupa e calçado da Vans
  • Motos da Deus Customs
  • Óculos de sol da Raen (os meus estão a ficar desgastados)
  • Viagens a Fiji, Tahiti e vá Patagónia. As viagens para Fiji e Tahiti podem ser com escala de 1 semana na Austrália que eu não me importo. Para 3.
  • Pranchas de surf do Ryan Lovelace
  • Skates da Stereo. Ou da Element
  • Fatos de surf da Vissla (tamanhos M e 4Y. O quê? Não fazem 4Y? Então passem a fazer)
  • Bilhetes para os X Games e para o Coachella 2016 (também quero ter fotos no instagram tiradas no Coachella que isto cá fotos no Alive tá muito visto)
  • 1 semana no Camp Woodward com o meu filho
  • Assinatura vitalícia da revista da Monster Children
  • A fotografia original da capa do London Calling dos Clash em tamanho de parede

18/05/2015

ELE VS. VÍRUS


Ele venceu por KO no 1º round.

Obrigado a todos e todas pelas mensagens e pelas boas energias.

Obrigado ao meu filho pela força e por ser um lutador.

Este vídeo aqui em baixo chama-se "kicking the virus' ass".

Enjoy.




13/05/2015

MAIS UMA PARA OS LIVROS


Quando acordámos fiz ovos mexidos e bacon. Torradas também. E o leite com chocolate que ele adora. Normalmente os pequenos almoços de sábado são como o spring break para um adolescente. Uma excitação. Mas desta vez não comeu nada. E estava apático a olhar para a TV. Achámos que alguma coisa não estava bem. Uns minutos depois queixou-se que queria vomitar. E quando foi ao quarto buscar o Chewbacca e voltou a chorar agarrado à cabeça percebemos que era sério.

20 minutos depois no hospital estava a fazer uma punção lombar. Enquanto 3 enfermeiros o imbobilizavam na maca com ele sentado e dobrado todo para a frente, a médica espetava uma agulha entre as vértebras para lhe sacar líquido da medula espinhal. Eu de joelhos em frente a ele segurava-lhe as mãos e pedia-lhe para não se mexer, que a doutora ia só lhe limpar as costas, que o pai e a mãe iam estar sempre ali.

A cara e a força que ele fazia enquanto a agulha entrava nas costas é coisa que nunca vou esquecer. Senti a força de um gigante a apertar-me as mãos enquanto ele cerrava os dentes.

Passada uma hora, já no quarto do isolamento chegaram as análises e as notícias menos más. Meningite viral. A médica diz-nos que o prognóstico é bom e que o pior já passou. Agora era vigiar a recuperação.

Bem, to make a long story short, já em casa e com ele ainda a andar curvo com as dores da punção lombar, fui ter com ele e disse-lhe com um sorriso e um beijo na cabeça:

Eu_ então meu velhote, como é que te sentes?

Ele_ dói-me a cintura.

Eu_ vai passar filho. prometo... sabes uma coisa... tenho muito orgulho em ti. foste um valente.

Ele_ sou corajoso. não tenho medo de nada.

Eu_ pois és filho. és mesmo.

E é verdade. Tough as nails como se costuma dizer na terra do Sam. É rijo este miúdo. Não é bem verdade que não tenha medo de nada. Não é fã do escuro. E de mais algumas coisas. Mas que é corajoso, é.
Como disse o Mandela, "coragem não é a ausência do medo mas o triunfo sobre ele".


Obrigado a todos e todas pelas boas energias e pela preocupação. A recuperação foi completa e 100%.

28/04/2015

O DIA EM QUE CAIU DO TRONO




Um dia disse ao meu filho que ele era capaz de fazer tudo. Foi já há algum tempo. Era ele mais pequenino ainda. Não me lembro bem o que era, mas ele estava a fazer qualquer coisa e disse "não consigo". Achei que era a minha deixa. Disse-lhe olhos nos olhos "tu consegues tudo. Nunca te esqueças disso". Esqueci-me foi que ele tinha 2 anos. Cá metáforas ainda não pegam nesta idade. Esqueci-me que os miúdos nesta idade levam as coisas um pouco à letra. E que um gajo tem de explicar tudo bem explicadinho senão dá merda. E assim foi. Não expliquei e deu merda.

Comecei por ensinar o meu filho a andar de skate com 2 anos. Desde muito cedo ele adorou. E começou a ganhar-lhe o jeito. Fui andando com ele, ensinando o que deve ou não fazer, o que pode ou não fazer. Ele foi evoluindo. Agora com 4 anos, chegou a uma fase que eu achei que ele devia passar a ter aulas com um professor e outros miúdos. Achei que podia ajudá-lo a desenvolver outras técnicas. Aprender outras coisas. Conhecer outros miúdos. Aprender com os mais velhos. Então começou as aulas. Tem dois professores ex-skaters profissionais. Além de bons skaters, bons professores. Lógico que os colegas na aula são todos mais velhos. É o único com 4 anos. E naturalmente tem as limitações inerentes à idade. Sempre que a aula começa, está com a moral toda. Motivado. Orgulhoso. Divertido. À medida que a aula vai avançando começa a esmorecer. Até que desiste a meio. Apesar do meu filho ser muito bom no skate para idade dele, apesar de ser capaz de fazer muito mais com um skate do que maioria dos miúdos e das miúdas com 4 anos, apesar de adorar, nas últimas aulas desistiu a meio, Cabeça para baixo, skate a arrastar. Aconteceu não uma, mas duas vezes.

Como não sou parvo, naturalmente nunca mostrei má cara. Nunca me mostrei chateado, nunca me mostrei desiludido, nem triste nem nada disso. Simplesmente perguntava-lhe "queres ir embora filho? de certeza?".
Nunca o obriguei a andar e só ia às aulas quando queria. Até que um dia, sentados em cima dos skates, perguntei: "filho, porque é que não queres estar nas aulas? gostas de lá estar ou não gostas muito?" Ao que ele me responde "gosto mas pensava que era só para fazer o que eu sei".

Ahhhhhhhhh. Toda a festa que eu fazia quando ele conseguia alguma coisa, todas as vezes que lhe disse que ele consegue tudo, todas os gritos que ele era o maior, vieram bater-me à porta. Ali na aula, com os miúdos mais velhos a fazerem mais do que ele é capaz, ele sente-se um underachiever. Incapaz de chegar ao nível dos outros. Nos olhos dele, ele vê todos a andarem muito melhor que ele, a fazerem mais do que ele, incapaz do distanciamento para perceber a diferença de idades, força, anos de experiência que o separam do resto da turma. Por isso ele sente-se incapaz de chegar e estar ao nível dos outros. E por isso acha que já não consegue tudo como eu tantas vezes lhe disse. Que já não é o maior. Sente-se desiludido. E acha que me vai desiludir. Porque na aula ninguém faz a festa que um pai faz. Percebi.

Expliquei-lhe que ele está nas aulas para fazer o que sabe e também para tentar aprender a fazer o que não sabe. Que tentar é fixe. E é divertido. Que ele é o mais pequeno da turma e que por isso não consegue fazer algumas coisas iguais aos outros. Que eu também já fui pequeno. Mas que ele é especial por ser tão pequeno e conseguir estar na turma dos grandes no skate. E que quando for grande vai conseguir fazer igual aos outros. Que para conseguirmos alguma coisa, temos que tentar. Aprender. E tentar.

Parece mentira que eu tenha conversas deste calibre com um miúdo de 4 anos. Mas tenho. E aprendo todos os dias com ele. Como ele certamente aprende comigo. É tão fácil cair na asneira de os iludir demasiado quando os amamos tanto. Fazemos uma festa tremenda de qualquer coisinha. Como se fossem semideuses. Ao ponto deles acreditarem que o são. E daí à desilusão é um instante. Depois é arregaçar as mangas, encher o peito e sentar ao lado deles e explicar o que devia ter sido logo explicado desde início.

Ou não. Talvez isto faça parte. Sei lá eu. Eu também só ando nisto de ser pai há 4 anos. E é a minha primeira vez. Também ando a apanhar bonés. Não sei tudo. Faço o melhor que sei. Vou tentando. E aprendendo. Um gajo tem de elogiar, mas não muito. Um gajo tem de ralhar, mas não muito. Um gajo tem de ensinar, mas não muito. Um gajo tem de exigir, mas não muito. Porra pra isto. Uma coisa é certa. Um gajo tem é de os amar e respeitar. E é muito.

BACK IN STEREO

Olha olha. Voltou. Estive M.I.A. por uns tempos que é como eu gosto. E agora voltei. Com um rol de histórias para contar. Mas que não vou contar todas. Só algumas. Mas para já, é só para partilhar um vídeo sobre um tipo que gosto. Lembrei-me dele porque na semana passada por acaso vi um filme que adoro {Almost Famous} com ele e porque cruzei-me com uma entrevista dele pela Monster Children.

Chama-se Jason Lee. É ator, e para além do Almost Famous e da série My Name Is Earl, só fez foi filmes de merda incluindo esse clássico de natal da era moderna Alvin & The Chipmunks. Não faz mal. Porque o que algumas pessoas não sabem é que ele foi um skater profissional e é sócio fundador da Stereo Skateboards uma das marcas mais criativas e das minhas preferidas de skate.

Além de skater e dono de uma das marcas mais cool de skate, ele é fotógrafo e aqui nesta entrevista com o seu sócio e amigo e ex-skater profissional Chris Pastras, fala um pouco disso tudo.

E aos poucos isto volta a interessar a quem tem de interessar.

25/03/2015

EM PAZ


Ontem estava em Barcelona quando de manhã soube que um avião tinha caído. Saído de Barcelona. Como ia regressar a Portugal passadas umas horas mandei mensagens a quem devia avisar: "caiu um avião que saiu de Barcelona mas não foi o meu e eu estou bem". Parece estúpido, mas essa mensagem poupou algum stress a quem a recebeu e que ainda não tinha visto a notícia. A mim, o stress e a tristeza abateram-se como uma avalanche. Stress porque ia viajar dentro de algumas horas. Tristeza ao imaginar as pessoas que caíram com o avião e as famílias que nunca mais as poderão segurar. Olhei para a meteorologia no iPhone. Vi que ia estar uma ventania do cara#*$%. Já sabia que ia levar uns abanos de Barcelona a Lisboa. Segurei-me à ideia da probabilidade de caírem 2 aviões saídos de Barcelona no mesmo dia. Seria a mesma de alguém ganhar o Euromilhões 2 vezes na mesma semana. Ainda assim, engoli um ansiolítico. E engoli em seco. 
Quando entrei no aeroporto em Barcelona, estava um silêncio estranho. Caras sérias. Tensas. A contrastar com o normal movimento e barulho da excitação de viajar que se encontra nos aeroportos. Tentei abstrair-me do que se tinha passado. Mas não deixava de pensar nisso. Antes de embarcar liguei à minha mulher e tentei falar como se não fosse a última vez. "Até logo" e "comprei uma coisa para o miúdo" e foi assim que desliguei. Olhei para as fotos do meu filho. Revi alguns dos vídeos. Fui dos últimos a entrar no avião. Quando cheguei à porta fiquei parado a olhar para os pés. Não me lembrava se costumava entrar com o pé direito ou esquerdo. Até porque nunca dei importância a isso. Mas agora parecia uma decisão crucial. Que se lixe. Entrei ao calhas e cumprimentei a tripulação. Sorriram mas os olhos mostravam outra coisa. Mostravam o mesmo que os meus. Apreensão. Sentei-me no meu lugar e tentei pensar em tudo menos no que estava a pensar. Na fila da frente, um indivíduo de turbante a rezar. Eu só esperava que as rezas dele fossem para chegarmos todos sãos e salvos e não para se encontrar com Alá e as virgens depois de mandar esta merda toda pelo ar. A viagem começou bem. Levantou bem, alguma turbulência pelo caminho mas nada que me fizesse cravar as unhas no banco da frente. Quando estamos a chegar a Lisboa, um vento filho da puta como nunca. O que em inglês se chama "devil wind". O avião ia a dançar o Vira por cima de Lisboa e da Segunda Circular. Lembrei-me das vezes todas que me chateio com o trânsito de Lisboa. Da merda que tenho de aturar no trabalho. Das vezes que me irrito porque o miúdo não come. Ou porque esqueci-me da mochila em casa com o equipamento para a fisioterapia. Ou da vontade que tenho de abalroar os carros que estacionam em cima das passadeiras só para ficarem em frente à porta do café para beberem a puta da bica de manhã. Ou o impulso que tenho de agarrar pelos colarinhos aquela inflexível monte de bosta que trabalha no balcão da Segurança Social.

E enquanto o avião abanava a cauda como a Beyoncé faz o twerk, eu lia repetidamente uma frase da revista que tinha ao colo. Era uma reportagem de uma viagem de surf que o Dane Reynolds tinha feito a Marrocos e que em conversa com um marroquino, o tipo diz-lhe "when the world ends we will all be gone, so we should just live in peace".

Cheguei bem. O meu filho correu-me para os braços no aeroporto como se eu tivesse chegado duma expedição à lua. Estou em paz. E é assim que devíamos ficar enquanto cá andamos. "When the world ends we will all be gone, so we should just live in peace".

06/03/2015

BLOGS I F#*KING LOVE: MONSTER CHILDREN


Desta vez o blog I f#*king love é um segredo que não é segredo. Este site é uma das minhas fontes de inspiração. Não é bem um blog, é mais uma revista. Já existe há mais de 10 anos, mas ainda assim nem por isso é muito conhecido ou mainstream. O site deles é sítio que visito regularmente. Fotografia, skate, surf, música, arte, são as coisas que se podem encontrar no site deles, que tem um formato tipo blog e por isso o meti aqui. Às vezes são polémicos e poucas vezes são politicamente corretos. Bem ao meu jeito. Já tiveram a conta de instagram deles censurada e apagada pelo Instagram pelo menos 2 vezes. E têm um dos melhores concursos de fotografia que conheço e que acontece uma vez por ano. Eles descrevem-se assim: What is Monster Children? Is it just a magazine? Of course not. It’s much more than that. Monster Children is an aesthetic, a lifestyle, a vision shared by creative forward-thinkers who believe fun is, above all, the most important thing in life after air, water, food, and Slayer. Quem gosta deste tipo de coisas, vai adorar o Monster Children. Cá eu era menino para trabalhar para eles. É clicar na imagem que já vão ver.


26/02/2015

UMA BREVE INCURSÃO NO MUNDO DO FASHION COMMENTARY {COM DIREITO A LINGUAGEM VULGAR E TUDO}


Sou gajo de ler muita merda e não tocar no assunto. Até porque, quem gosta de tocar em merda, né? Mas andei dias a ler bosta sobre a Irina Shayk. E agora apesar de não gostar muito, vou tocar na bosta. Porque isto vai para além do mero vestido que a rapariga usou lá na festa da Vanity Fair. O problema não está no vestido. O problema é a quantidade de coisas que li sobre ela. Ela Irina Shayk. Por causa do vestido que ela escolheu usar. Algumas das poias:
  • "é apenas para chamar a atenção"
  • "praticamente despida para dar nas vistas"
  • "é rasca"
  • "too slutty"
  • "se era para isto, mais valia ter ido nua"
  • "desesperada"
  • "porca"
  • "é para picar o Cristiano Ronaldo"
  • "é uma ninguém à procura de atenção"
Não sou de me meter na vida alheia. Não sou de comentar vestidos nem tapetes vermelhos. E até caguei para a razão pela qual o casal maravilha se separou. Mas rasgarem a moça por causa do vestido que ela escolheu usar... Claro que eu tinha de meter o bedelho.

É incrivel imaginar que há uma vida para além do Cristiano Ronaldo, eu sei. Talvez até pasmem saber que a mulher é uma pessoa. É verdade. Com valor próprio. Trabalhos feitos. Mérito reconhecido na sua área. Parece mentira, eu sei. Uma mulher bonita e elegante ser uma pessoa. Talvez pasmem em saber que o facto de ter escolhido um vestido ou outro, não faz dela, nem puta, nem ordinária, nem vulgar, nem desesperada, nem rasca. Incrível né? Nem significa que esteja desesperada ou queira dar nas vistas ou chamar a atenção. Epá agora a sério, pensem lá nisso um bocadinho antes de abrir a boca ou carregarem nessas teclas. Acham mesmo que a Irina Shayk parece ser alguém desesperada por atenção? Acham mesmo que ela precisa de vestir seja o que for para dar nas vistas? Foi capa da GQ, Elle, Vogue, Vs., Sports Illustrated. Modelo da Victorias Secret, Armani, Guess, Givenchy. A sério que acham que ela precisa de atenção? Ela estava como convidada na festa dos Oscars da Vanity Fair. Só. Mas como ninguém a conhece, a única explicação é que ela entrou à penetra.

Agora vou eu dizer o que vi. Vi uma mulher elegante e bonita. Uma mulher confiante. Uma mulher com pinta. Com um vestido de haute couture. Que mostra um lado do corpo. Não mostra mais nada senão isso. Não se vê rêgo como vejo em muitas gajas e gajos por aí. Não se vê cleavage nenhum. Mamocas zero. Vejo uma mulher que segundo consta terminou ela o relacionamento com o melhor jogador do mundo, um dos atletas mais ricos do mundo. Uma Mulher portanto.

Portanto, e agora é a sério mesmo, dizer que ela "não é ninguém" sem o CR ou desvalorizá-la como mulher com base num vestido, para mim é objetificar uma mulher. Insultá-la ou julgá-la com base num vestido que mostra 1 coxa, 1/2 cintura, 1 barriga, 1 braço e 1/2 costas é - desculpem lá dizê-lo - pobrezinho. Aliás, desculpem o caralho, que quem faz isso também não pede desculpa.

Ganhem juízo. Deixem lá de criticar e julgar as pessoas pelo que vestem. Não gostam do vestido? É dizer "não gosto do vestido". "É piroso". "É brega". É o que quiserem. Agora chamar à mulher deseperada, vulgar, porca, necessitada, slut.... Foda-se.

O que é que isto tem a ver com o meu blog? Tem a ver que quero que quando o meu filho cresça, olhe para uma mulher com um decote ou um vestido arrojado e diga "ganda pinta de mulher. que confiança", em vez de "ganda puta de mulher. que vulgar". Com base no decote ou no vestido.

Power to you Irina. And power to all women.

19/02/2015

HAVE FUN KID, ALWAYS HAVE FUN

A primeira vez que o pus em cima de um skate foi com 2 anos. A mesma coisa com o surf. Gosta muito das duas coisas mas prefere o skate. Eu fui ao contrário. Comecei primeiro com o skate, mas sempre fiz mais surf, apesar de adorar os dois e de os fazer há muitos muitos anos (shit I'm old). Mas ultimamente, à conta da paixão do meu filho, até tenho andado mais de skate do que surfar. E até prefiro o ambiente do skate. Mais camaradagem, mais humildade, mais amizade, mais união. Há competição, mas é sempre saudável. Todos a puxarem por todos. Quer se conheçam ou não. É puro. É raw. No surf, o ambiente é muitas vezes deprimente. Muita falta de respeito, pouca paciência, egos inflamados. Gajos que gritam muito e surfam pouco. Às vezes falta-me a paciência. No skate o ambiente é outro, tenho de reconhecer. Por isso é que o skate será sempre cool. Nunca mainstream. Continuo a gostar muito de surfar. E vou fazê-lo sempre até poder. Gostava muito que o meu filho gostasse tanto como eu e fizesse as duas coisas como o Curren Caples. Gostava, mas na verdade tanto me faz. Desde que ele se divirta. Porque é isso que conta. Letting go and having fun.


4 anos. Style, flow and lots of fun:

13/02/2015

LOVER'S DAY? ENTÃO VAI SER ASSIM...


Porra, apercebi-me agora que amanhã é dia dos namorados (a propósito, o ano passado foi assim). Isto significa o seguinte:

  • Não vou ao cinema. Até porque se tenho que ouvir falar das 50 Sombras de não-sei-quem outra vez, vou me juntar ao grupo de hackers conhecido como Anonymous e vou convencer os gajos a transformar aquilo num filme do Nicholas Sparks... Ah, espera aí... ele já é isso.
  • Não vou jantar fora. Estou sozinho com o miúdo, está um frio de um raio, ainda tenho o braço ao peito, nunca fui jantar fora nesse dia e não é agora que vou começar.
  • Não vou comprar nada porque, bem porque nunca compro mesmo.
Mas vou dizer o que vou fazer, amanhã dia 14. Vou estafar o miúdo durante o dia. Vou fazê-lo dançar, andar de skate, fazer jiu-jitsu, cansá-lo ao ponto de ele adormecer com a cara dentro da sopa às 7 da tarde. A seguir vou arrastá-lo até à cama. Vou ter de arrastá-lo porque não consigo carregá-lo com um só braço. Vou lhe pôr uns daqueles ear-muffs que os gajos nos aeroportos usam quando estão na pista, de modo que ele não acorde nem com um motor de um F-16. Depois encosto a porta do quarto, vou até à sala e vou abrir uma garrafa de vinho. Tinto, que o branco faz me lembrar aquele estalo que apanhei quando tinha 16 anos. Enquanto o vinho respira vou atear umas pinhas e fazer um lumezinho bom na lareira. Deixar a sala com um mood perfeito. Só a luz do lume, não sei se estão a ver. Vou tomar um bom duche, quente e longo, daqueles que relaxam todos os músculos e que no fim dão para escrever no espelho com o vapor. Saio do duche, e como habitual, não me seco. I always air-dry. Visto as calças de jersey em algodão e vou para a sala, que entretanto está no ponto. Aquela temperatura equatorial. Ponho uma música. Uma boa música. O "Come and get your love" dos Redbone. Alto o suficiente para abafar qualquer som vindo da sala, mas não tão alto que possa passar os ear-muffs do miúdo que se Deus quiser (e tem de querer), a esta hora já está na fase REM do sono. Vou me sentar no sofá com o copo de vinho enquanto a minha mulher ainda não está. Molhar os lábios com o Pêra-Manca que já andava há anos a arranjar um pretexto para o abrir. E quando a minha mulher chegar, quando e-l-a che-gar... vai largar a mala no chão, tirar o casaco, vai até à sala, naquele jeito de quem vem em câmara lenta, não sei se estão a ver. E aí,... aí vai me encontrar num profundo e relaxante sono e se Deus quiser vou dormir das 9 da noite às 9 da manhã. 12 horas f#$a-se! 12 horinhas sem ninguém me acordar. P'ra ver se no dia seguinte estou comó aço, pronto para lhe encostar à parede, e mostrar-lhe as verdadeiras sombras de mim. Ao som do "Ball and Biscuit" dos White Stripes. No dia 15. Como em qualquer dia. Menos amanhã. Que aquelas 12 horas vão ser minhas e do sofá.

Happy Lovers day para amanhã, kids. E happy lovin'. Todos os dias.


10/02/2015

EU SOU UM ESTUPOR MAS NÃO SÓ


O Kanye West é um estupor é verdade. Mas ser pai às vezes faz de nós um bocadinho menos estupores. Fui não poucas vezes um estupor. Às vezes ainda sou. Mais do que gostaria. Como bom estupor que sou, costumo ser estupor com as pessoas que mais amo. Como boa alma que sou, sinto-me na merda quando o sou. Mas quando o meu filho nasceu alguma coisa mudou dentro de mim. Não sei se acontece sempre, mas comigo aconteceu. Continuo a ser um estupor às vezes, é verdade. Às vezes para quem amo. Mas amo hoje mais e melhor. A minha família, os meus amigos e até quem não conheço. Aos que me querem mal ou não me querem nada, no hard feelings.

Olho para o meu filho e vejo nele o reflexo de quem sou hoje. E quem sou hoje devo-o muito a ele também. É como estar à frente de um espelho com outro espelho. Tenho orgulho na pessoa que ele se está a tornar. Com 4 anos tem nele um capaz emocional de longe maior que os passos que dá. Um coração enorme no corpo de um menino. É um menino que pensa nos outros. Que partilha tudo o que tem. Que ama gratuitamente. Que quando viu a prima a chorar, foi buscar o boneco preferido dele e pôs-lhe ao colo. Sem dizer nada. Um menino que quando caí e desloquei o braço à frente dele, veio a correr para tentar me pôr o ombro no lugar. Um menino que se zanga quando vê alguém fazer mal a um animal, mesmo que seja um peluche. E hoje quando me estava a vestir com um só braço, depois de eu vestir a camisa ele veio junto de mim e sem dizer nada, começou a tentar abotoar-me os botões. Baixei-me e dei-lhe um abraço. Sim às vezes sou estupor. Às vezes para quem mais amo. Mas como diz o Kanye West na música "Only One", não sou perfeito mas sou mais do que os meus erros. E foi isso que vi hoje no meu filho quando ele lutava com o botão, na tentativa de me abotoar a camisa por eu estar com o braço imobilizado. Vi-me como mais do que os meus erros. Porque alguma coisa devo estar a fazer bem. Para ter um filho assim.



* Only One foi escrito pelo Kanye West que é um estupor, mas que conseguiu escrever isto na perspectiva da mãe que já morreu, a olhar para ele e a falar com a filha através dele. Uma ode à paz interior.

Nota. Tem a participação do Paul McCartney nas teclas e na composição. O vídeo é realizado pelo Spike Jonze.

02/02/2015

O COPO MEIO CHEIO {A OUTRA METADE ENTORNEI A TENTAR AGARRAR NO COPO COM O OMBRO DESLOCADO}


Quando uma pessoa faz 40 anos pensa "epá, 40 anos..." Mas depois os 40 anos não sentem a 40 anos. Na cabeça continuam a ser 20. E continuamos a fazer coisas como sempre fizemos, porque para nós não há idade para as fazer ou deixar de fazer. Isto tem consequências. Uma dessas consequências é a cara das pessoas quando lhes digo que desloquei o ombro a andar de skate.

- "Então, como é que fez isso?"

- "Foi a andar de skate."

Tenho recebido 3 tipos de resposta:

O silencioso: ".............silêncio............"

O paternalista: "Já não tem idade para essas coisas."

E o terceiro tipo de resposta é de quem me conhece e logicamente compreende que estas merdas acontecem independentemente da idade e me dão força e otimismo para a recuperação.

A verdade é que isto não tem a ver com a idade. E quando numa reunião de trabalho me perguntaram do braço e eu disse que tinha sido a andar de skate e ficou tudo com cara de quem acha que sou parvinho, fiquei com orgulho. De me ter magoado a fazer uma coisa que gosto juntamente com o meu filho. Antes isso do que ter um torcicolo por estar um fim-de-semana inteiro a ver TV no sofá.

Mas quando olho para trás, fico lixado com o que aconteceu. Fico com a sensação que podia ter evitado. E pior do que a dor tremenda que passei, pior do que a tortura que foi os ortopedistas meterem a merda do ombro no sítio outra vez, pior do que lavar os dentes ou limpar o rabo com a mão esquerda, pior do que isso tudo, é saber que o prognóstico de um ombro deslocado não é famoso. É imaginar que posso vir a ter dificuldades em surfar como deve ser, andar de skate sem medo de caír sobre o braço ou atirar uma bola ao meu cão. Ou pior, não poder pegar no meu filho ao colo com o braço direito sem medo. Não sei. Pode ser que esteja a ser dramático. Podia ter sido pior.

Para já, vou me concentrar na recuperação e imaginar que isto vai ficar comó aço. O sling já tirei e vou começar com a fisioterapia. Espera-me um longo caminho. Cheira-me que isto só vai estar capaz daqui a uns 6 meses no mínimo. Mas vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para estar a 100%.

Até lá, vou me divertindo a ver o meu filho a andar de skate e a mentalizar-me que isto é o "changing of the guard". A nova geração a substituir a velha. É que isto não tem a ver com idade, mas tem.

14/01/2015

ELE É CHARLIE


Hoje saíu o novo Charlie Hebdo. Tenho uma opinião sobre tudo o que se passou e tudo o que se disse sobre coragem, liberdade de expressão, comer e calar, não comer e não calar, pôr-se a jeito, lutar, fé, religião e Deus. E é muito diferente da do tipo lá do programa das casas remodeladas. Não preciso de escrever a minha opinião, porque quem me lê sabe exatamente qual ela é. Está em todos os textos que escrevo e em todas as histórias que conto neste blog. E é com alento que vejo na capa do Charlie Hebdo, esgotado em todo o lado, que a liberdade de expressão e a coragem ganharam outra vez.

Agora se há muitos Charlies ou se são todos Charlies, se não são Charlies, ou se querem ser Charlies mas na verdade não são Charlies, isso tudo é discutível. A verdade é esta: o meu cão é Charlie.

A ESPERANÇA É A ÚLTIMA A MORRER


Adoro o meu cão. Já tinha dito isso, né. Mas vou confessar uma coisa. Acordar às 6 da manhã para ir correr com ele é coisa que não me deixa em pulgas. Até para mim que sou madrugador. Principalmente no inverno quando o termómetro marca 3º C. Apesar de fazer parte da minha rotina diária e fazer de mim um herói, um gajo saudável, um louco, uma inspiração, um poeta do asfalto e essa merda toda, a verdade é que preferia ficar na cama pelo menos mais uma ou duas horas. E por isso confesso que um dos meus 12 desejos de ano novo foi que o meu cão aprendesse a ir à rua sozinho. Mentira. Não foi um dos 12 desejos. Foram seis. Gastei metade dos meus 12 desejos só a desejar que o meu cão aprendesse a ir à rua sozinho. E não desejei só que ele fosse sozinho. Desejei que ele saísse de casa sozinho, levasse o saquinho para apanhar as poias, fosse correr, alongasse, fizesse o que tinha a fazer, apanhasse, metesse no lixo, voltasse para casa, abrisse a porta devagarinho para não me acordar e voltasse a deitar-se. Só isso. Ah e se me fosse preparando o pequeno-almoço então era ouro sobre azul. Mas entretanto li um artigo não-sei-onde a dizer que os labradores eram cães burros. Que balde de água fria.

Mas hoje li a notícia que me renovou a esperança. Um labrador que apanha o autocarro sozinho para ir para o parque brincar. Eu sabia que era possível. Finalmente. Vou poder dormir 6 ou 7 horas por dia.

O vídeo aqui em baixo.