31/10/2013

LUHK VAI À ESCOLA


Quando era miúdo, o Hulk era dos meus heróis preferidos. Diz a minha mãe que eu lhe chamava o "bicho da bariga". Pelos vistos o six-pack do gajo impressionava-me. O Hulk era um gajo de poucas palavras. Enquanto Bruce Banner, era um tipo inteligente. Cientista. Um pouco introvertido até. Mas esperto e bom rapaz. Depois quando o enfureciam, ficava verde, rasgava a roupa toda e ficava com uma musculatura do caraças. Transformava-se em Hulk. Passava a ser um gajo impulsivo e incapaz de proferir uma palavra quanto mais construir uma frase. Só grunhia. O meu filho também o admira. Mas chama-lhe Luhk em vez de Hulk. Devo dizer que têm muito em comum. Já vi o meu filho passar de Bruce Banner a Hulk várias vezes. Ainda este fim-de-semana passado no CascaisShopping ele entrou em acção. Quando lhe disse que tínhamos de ir embora em plena loja da Disney. O moço inteligente e dócil enfureceu-se. Transformou-se em Hulk, perante os olhares incrédulos das pessoas que passavam. (sim sim, aquele miúdo que vocês viram no CacaisShopping no domingo de manhã era o meu filho). Eu acho que ele até começou a ficar com uma espécie de tonalidade verde. Tive de agarrar no Luhk à força e levá-lo em braços dali enquanto ele esperneava e grunhia por aquele Shopping fora. Depois quando se acalma volta ao estado de rapaz dócil e inteligente. Tal como o Bruce Banner.

Hoje como é Halloween, foi como Hulk para a escola. Aliás, Luhk. Desculpem. E o que o rapaz gosta de encarnar a personagem. Pelo sim pelo não, já está informado que o Hulk nunca se zanga com os amigos nem com os bons. Só com os maus. Mas ter uma conversa séria no passeio com alguém vestido assim... Não sei até que ponto vai resultar. Até estou com medo de o ir buscar mais logo. Cheira-me que vou encontrar a escola em escombros. Boa sorte professoras.

30/10/2013

MILF


Esta foto tem aparecido por aí em vários sítios da internet. Traz uma mensagem para as mães desse mundo fora. A mensagem é "Qual é a vossa desculpa?". Que é como quem diz "estão a ver como é possível?". Ou ainda "tenho 3 filhos todos acabadinhos de nascer e tou aqui boa comó milho... já vocês...". A foto-mensagem pode ser lida ou interpretada de várias maneiras. Dependendo da pessoa que a vê. E de quanto pesa. Eu cá enquanto homem tenho a minha opinião sobre esta coisa da mulher depois do parto e do que é ser uma MILF. Mas o que eu quero mesmo é deixar uma mensagem a esta mãe que se apresenta com este físico com 3 fedelhos à volta dela e pouco tempo depois de ter parido o seu último. O que eu lhe quero dizer é basicamente isto:

"Are you fucking crazy?! Que raio de m*#da é essa pores uma foto assim com 3 putos dessa idade?! Queres o quê? Arranjar maneira de eu ter que fazer tudo sozinho em casa para a minha mulher passar o dia no health club? E ainda ter de ouvir que não quer mais espelhos em casa? E depois como é que eu faço para me ver ao espelho antes de saír de casa? E sabes o que é ter de comer saladas todos os dias? Hum, sabes? Em pratos daqueles pequenos? Sabes? Sabes o que é estar numa loja à porta do provador à espera que ela tente se enfiar dentro de 7 pares de calças que nem à Victoria Beckham serviam? Tens ideia quanto tempo isso pode demorar? E depois o silêncio no carro até casa depois de sair da loja? Sabes o que é isso? Para eu depois lhe tentar explicar durante 5 horas que o peso dela está corretíssimo, que a balança não tem de ir para o lixo, que as skinny jeans da Roxy que eu tanto adoro não lhe fazem parecer a Popota nem a Fanny. Sujeito a um gajo perder uma tarde de surf clássico. Por tua causa. Uma m*#da dessa não se faz."

Mulher, se estiveres a ler isto, tu és uma MILF. Agora vou descongelar a picanha para o jantar.

YOU ARE HIS HERO



Ele sabe dizer melhor que eu o que ele pensa de ti. Mas sei que ele te adora. Que te chama "madresita". Que acha que "a mãe é muito linda" e que diz que a "mãe é uma princesa". Que gosta de brincar contigo. Que se preocupa se estás contente ou triste. Que gosta da "t-shirt da mãe que é dos Guns", como ele diz. Que gosta "muito muito de ti, mãe". Ele sabe dizer melhor que eu. É só ouvires. E sentires no abraço que ele te dá. E nas festas que te faz na cara.

Acho que és uma super mulher. Acho que o teu kryptonite é a pressão que pões em ti para seres uma boa mãe. Mas o engraçado é que não precisavas de pôr pressão nenhuma em ti. Porque tu já és a melhor mãe do mundo. E nem precisas de tentar. "You are his hero".

Obrigado Mia pela partilha do video.

23/10/2013

OF MONSTERS AND MEN


A abelha Maia é uma cabra. Quero dizer, uma abelha. Mas uma cabra. Hoje de manhã estava o meu filho a ver a Abelha Maia enquanto eu me despachava, quando ouço a gaja dizer que "monstros não existem". Parei e fui à sala tentar perceber que raio ela queria dizer com isso. Então parece que andava alguma coisa viscosa a passar lá pelo sítio onde aquela malta vive a causar destruição. E deixava um rasto de nhanha pelo caminho. Um dos insectos amigos da Maia estremecia de medo. Dizia ele "e se fôr um monstro?". Ao que a Maia responde com aquela vozinha de totó sonsa "que disparate! monstros não existem". Não existem Maia? Ai não?

Esta abelha de um raio, com uma frase deixou o meu filho confuso e quase destruiu o imaginário fantástico dele. Pior ainda, quase destruiu a dicotomia fundamental da vida. Eu não quero que o meu filho ache que os monstros não existam. O que eu quero é que ele não tenha medo de monstros. Que tenha a coragem para os enfrentar. Que os olhe de frente. Que ele saiba que tem a força necessária para os vencer. E que os vença. Porque monstros ele vai encontrar sempre pela vida fora.

E já agora abelha Maia, dizes que os monstros não existem, mas queres que acredite numa abelha que fala e com permanente ou afro ou lá o que é isso que usas na cabeça. Então tá bem. Olha, e à tua conta já estou atrasado para o trabalho.

22/10/2013

A PRIMEIRA CARTA QUE TE ESCREVI


Hoje revisitei o meu antigo Blog que tinha antes do meu filho nascer. Encontrei este texto, uma "carta" escrita para o meu filho no dia 8 de outubro de 2010. 19 dias antes de ele nascer de urgência e prematuro às 32 semanas. Não mudo uma única vírgula.

"Sabes... Na vida imaginamos momentos. Esperamos coisas. Queremos coisas. Sonhos. Há pessoas que correm atrás mas nunca chegam. Há outras que desistem a meio. E outras que sonham sempre mais. Nunca fui das que desistem a meio. Era das primeiras. Das que correm atrás mas nunca chegam. O que é que eu posso dizer. Quando sonho, sonho em grande. Mas nunca deixei de correr atrás. Podia parar para descansar. Mas não deixava de correr atrás. E momentos que imaginei, aconteceram. Coisas que esperava realizaram-se. Coisas que quis, tive. E passei a ser dos que sonham sempre mais. Vais ver que sonhar é bom. E que correr atrás vale sempre a pena. Mesmo quando parece que nunca lá chegamos. Vão haver dias bons. Outros maus. Também os tive. E ainda os tenho. Vão haver caminhos difíceis e caminhos fáceis. Às vezes vais ter de voltar atrás e começar tudo de novo. Outras vezes vai ser uma estrada aberta. Sempre em frente, sempre a andar. O mundo vai te parecer bonito e grande. Feio e pequenino. Às vezes vai te cair em cima. Mas nunca pares de sonhar. E de correr atrás. Vais cair algumas vezes. Mas vais sempre te levantar. E vais perceber que aquilo que não nos mata, faz-nos mais fortes. Vais te rir de coisas que te fizeram chorar. E vais chorar coisas que te fizeram rir. A vida é assim mesmo. Mas vais ver que vale sempre a pena vivê-la. E vais vivê-la bem. isso eu sei. Porque ainda não nasceste mas já tens a fibra da tua mãe e a perseverança do teu pai. És um pequeno lutador. Com um grande coração. Eu sei. Ouço-o todos os dias. Ainda não nasceste. Mas já és o orgulho do teu pai e da tua mãe. Filho."

18/10/2013

OPERAÇÃO "ORGULHO"


Ainda ontem escrevi sobre como gostaria que o meu filho aprendesse definitavamente a ir ao WC para cocó e xixi. Não é que ele não soubesse já. Às vezes pedia. Outras vezes fedia. Mas pronto. Também já me tinham dito que os rapazes são mais demorados do que as raparigas neste processo de "potty training". Até em adultos temos essa reputação. Diz-se que "só fazemos m*#da", que "cagamos tudo" e que "mijamos fora do penico" mais que as mulheres. Mas ok. E para tentar contrariar essa tendência, tenho tentado que o meu filho aprenda a fazer o que tem a fazer no sítio certo para o fazer. Tem sido uma missão do caraças. O cocó foi mais rápido. Aprendeu a pedir para ir com 2 anos e meio (portanto há cerca de 6 meses). Apenas um pequeno retrocesso quando adoptámos o Charlie the lab (nosso labrador). Aí largou algumas poias no meio do chão. Mas já passou. Ele percebeu que isso era totalmente inaceitável. Mas o xixi tem sido mais difícil. Ele sabe que tem de pedir. Mas às vezes a vontade de continuar a brincar é maior e lá se descuida. Mudava de cuecas e calças umas 3 ou 4 vezes por dia. À noite fralda. Senão iam lençóis e tudo.

Tentámos de tudo. Tentei as estratégias pedagógicas. Operação Dr. Phil. Conversa, compreensão, tolerância, paciência. Nada. A seguir tentei as estratégias do Cesar Millan dos cães. Operação Calm Assertiveness. Calma, assertividade e reforço positivo. Nada. Mandei a psicologia e o Cesar Millan à fava e tentei a estratégia da CIA. Operação Potty Storm. Ameaça, pressão psicológica e chantagem. Nada. E aí tive um break-through. A ver as notícias surgiu-me a ideia da estratégia "dirigente de futebol corrupto". Operação Sanita Dourada. Segredo e suborno. Quando o deixava na escola, chamava-o e dizia-lhe que tinha um segredo para lhe dizer. E dizia-lhe ao ouvido bem baixinho "se não fizeres xixi hoje nas cuecas, o pai compra-te uma surpresa. se precisares de ajuda, fala com a Joana ou a Carina (educadoras dele). Não te esqueças, cuecas limpas e levas uma surpresa", seguido de piscadela de olho.

No 1º dia que o subornei, sucesso. Lá fui eu comprar uma surpresa. Neste caso um Chupa-Chups. No 2º dia que o subornei, cuecas molhadas. Pensei "já percebi. o gajo é esperto. tenho que subir a parada. ele já não vai fazer isto apenas por um chupa". E então subornei-o com uma Tartaruga Ninja. Sucesso. Lá fui eu ao Toys 'R' Us comprar o Donatello. No dia seguinte, sucesso novamente. Lá fui eu comprar o Raphael. Entretanto comecei a fazer contas. Só faltava comprar o Leonardo e o Michelangelo. Mas entretanto, ele começou subtilmente a sugerir que queria o Iron Man, o Hulk, o Mau (seja lá quem esse for), o Capitão America, o Pai das Tartarugas Ninja, o Thor e por aí fora. Isto ia sair mais caro do que a conta da água. E eu sem dar por isso estava já metido numa teia de corrupção difícil de saír. Refém das exigências dele alimentadas pelo meu suborno. Tive que pôr um fim a isto antes que fôssemos apanhados. E assim acabou. E os xixis nas cuecas voltaram. Frustrado, pensei que nunca ia ter fim. Sinceramente cheguei a visualizá-lo no futuro com 30 anos ainda a dormir de fralda.

Até que de repente, sem estratégia nenhuma, vou buscá-lo um dia à escola e ele vem a correr para os meus braços e diz-me "pai pai! não fiz xixi". Dei-lhe um abraço daqueles e congratulei-o efusivamente pelo feito. Mas pensei pra mim "olha-me este... este deve pensar que lhe vai calhar mais alguma tartaruga ninja". No dia seguinte, vou buscá-lo à escola e "pai pai! não fiz xixi". Mais um abraço apertado e mais congrats. Pensei pra mim "hmm. deve ser sol de pouca dura". No dia depois, outra vez "pai pai! não fiz xixi". Mais abraços e congrats. 3 dias seguidos sem xixi nas cuecas. Disse-lhe que tinha muito muito orgulho nele.

Esta noite passada, acordo às 3 da manhã com um sussurrar "pai pai. tenho que ir fazer xixi." Levanto-me e vou com ele à casa-de-banho. Ele de olhos fechados faz o que tem a fazer. Sacode. Lavamos as mãos. E aí vai ele. Olhos fechados tipo zombie direito para a cama. Deita-se sozinho e pede-me baixinho "Tapa-me pai. Tapa-me." Eu tapo-o com o edredon, dou-lhe um beijinho e volto para a cama. E penso "tudo o que ele precisava era saber que eu tenho orgulho nele"... E penso "será que isto resulta também com o meu cão? Se eu lhe disser que tenho orgulho nele, será que ele deixa de me comer a casa"?

17/10/2013

É A MASSA OU O MOLHO?



Diz que o Marco Bellini é que sabe. BullocksPizza é com o meu filho. Depois de o ver com a mão na massa, não tenho dúvidas que ele é que sabe. As pinceladas de molho que dava sobre a massa mais parecia Monet a pintar um fresco. E a forma como agarrava nos ingredientes e os encostava bem ao nariz para cheirar a qualidade e frescura é de mestre mesmo. Aliás, é de Chef. Só depois de uma grande fungadela de aprovação é que ele espalhava os ingredientes por cima do molho e da base. Qualidade não se avalia através de marcas ou relatórios da ASAE. É agarrar à macheia e dar-lhe uma grande fungadela. Assim é que é. E depois a forma sublime como largava os ingredientes sobre a pizza. Deixando a mão aberta a pairar uns segundos sobre a mesma depois de os largar, num verdadeiro toque de arte.
Agora se ele aprendesse a ir fazer xixi e cocó na sanita sempre, isso é que era mesmo bom. Massa ou molho, o que eu gostava mesmo eram cuecas sequinhas sem nenhum deles. Sem massa nem molho. Mas enfim. Pelo menos tem talento de chef e o temperamento do Gordon Ramsay. 'Tá no bom caminho.

16/10/2013

QUEM ME DÁ CRÉDITO


O meu filho tem um dom. Capaz de me pôr um sorriso na cara com uma simples palavra e apaziguar a alma com um simples gesto.

O outro dia, no carro a caminho de casa, em conversa com a minha mulher sai-me a frase "não me dás crédito nenhum".
De repente, do banco de trás ouço "toma pai". Vejo a mão do meu filho estendida na minha direção a entregar-me alguma coisa.

"O que é filho?" pergunto eu, de mão aberta para receber o que ele tem para me dar. Ele, largando algo invisível na palma da minha mão diz "é crédito pai. eu dou. toma crédito." Sorriso e alma apaziguada. Só assim.

Depois, foi o resto do caminho até casa a dizer "toma pai, mais crédito" e a estender-me a mão para me dar crédito. De modos que nesta altura, tenho crédito para dar e vender. Se alguém precisar, é só contactar-me.

15/10/2013

UM MODELO DE IRMÃO


Olá. Eu de novo. Pensavam que isto tinha acabado, não? Pois não. Não acabou não. O problema é que este pai nem tem tido tempo para pôr os pés no sofá. Porque entretanto a nossa família aumentou. Pois é, o Santiago agora tem um "mano" como ele disse na escola. Na reunião de pais tive que explicar que o "mano Charlie" que o meu filho falava era um cão. E depois, ainda me quis armar em engraçado e fiz o favor de rematar com um "mas eu não sou o pai". Ouviram-se grilos.
Mas adiante. Sim, agora temos um cão. Já não bastava a sarna que tenho para me coçar, achámos que se tivéssemos mais um elemento na família que pudesse ter sarna, seria giro.
E a decisão foi tomada assim:

Eu: - Se calhar era giro arranjar um cão para o Santiago.

A mãe: - Opááá... Era tão giro. Acho que lhe ia fazer bem.

Eu: - Pois. Também acho. Sentido de responsabilidade e tal. Se calhar até melhorava as birras.

A mãe: - Vou começar a ver isso.

Eu: - Boa. Mas tem de ser uma raça instintivamente dócil com crianças, inteligente e que goste de água para a gente o levar para a praia. Tipo um labrador. Os castanhos-chocolate são muita giros.

A mãe: - Vamos a isso.


1 mês depois. 06h00 da manhã. Terraço da casa.

A mãe: - 'Tou farta de limpar m*#da!

Eu: - O cão arrancou os 3 respiradores da parede?! Os 3?!! E o que é aquilo ali no chão? Aquilo é a capa do grelhador?! Vou dar o cão porra!


1 mês e 1 semana depois. 19h00. Terraço da casa.

A mãe: - A sério... 'Tou farta de limpar m*#da!

Eu: - E eu farto de apanhar os restos da casa que este gajo destrói.


1 mês e 2 semanas depois. 20h00. Sala de estar. [O meu filho aparece-me à frente de t-shirt e nu da cintura para baixo]

O meu filho: - Pai. Fiz cocó.

Eu: - O quê?

O meu filho: - Fiz cocó.

Eu: - Como assim fizeste cocó?

O meu filho: - Fiz cocó. Ali.

Eu: - Não percebo filho. O que queres dizer?

O meu filho agarra-me na mão e leva-me até ao quarto dele. Aponta para o chão. No meio do chão, uma poiazita perfeitamente largada no meio do soalho flutuante.

Eu: - Oh Irinaaaa! Ainda 'tás farta de limpar m*#da?