04/11/2015

CHANGES


Para quem ainda não sabe, este blog voltou. Mas não aqui. Para quem entretanto veio cá e levou com um sinal na porta a dizer que o blog estava reservado só para leitores convidados, não se zanguem. Era a mensagem automática por eu ter fechado aqui a barraca para obras. Nem a minha mulher conseguia entrar. Por isso, não é nada pessoal. Mas entretanto como não gostei das obras nem da zona, decidi-me mudar. Voltei a abrir esta porta só para vos avisar e para vos dizer para onde fui. Mudei-me para aqui: pesnosofa.com. Ou então cliquem na foto.

Para quem quer reler as pérolas que andei para aqui a escrever nos últimos anos, tem agora a oportunidade durante tempo limitado, porque daqui a uns tempos vou fechar isto outra vez. Quem quiser me visitar tem de ir à casa nova.

A vida é assim. Mudanças fazem parte. Na vida real mudei de casa 9 vezes nos últimos 10 anos. No joke. É uma média de 1 vez por ano. O meu filho que tem 5 anos já viveu em 4 casas diferentes (eu sei, somos um exemplo de estabilidade). E quando os amigos nos querem visitar, vão à casa onde vivemos, não às antigas. Aqui é a mesma coisa.

Mas tal como na vida real, quando estamos nostálgicos, gostamos de rever coisas do passado. E da mesma maneira que tenho fotos e outras coisas do passado em casa para matar saudade, também no novo blog vamos ter oportunidade de sermos nostálgicos e reler algumas coisas do antigo blog. Porque de tempo em tempo, vou republicar um post original deste blog que vai fechar.

Assim, vou mobilando a nova casa também com algumas coisas porreiras do passado. Um gajo quando muda de casa não manda tudo fora. Se bem que com as vezes que mudei de casa e com o trabalho que dá, estas últimas vezes bem me apeteceu deixar lá tudo.

Abraço.

03/06/2015

GOOD NIGHT & GOOD LUCK


Foram tempos engraçados. Textos e histórias giras. Uns mais que outros. Havia muito mais para contar. Algumas coisas ficaram por dizer. Mas isso há sempre, né? O meu filho faz 5 anos este ano. Chegou o momento de dar por terminado este ciclo. Talvez volte um dia. Talvez não. Talvez volte de outra maneira. Não sei. Sei que foram 2 anos e tal por aqui. Bem passados e em boa companhia. Obrigado a todos e todas que por aqui pararam para ver, ler ou escrever. Não gosto de prolongar o adeus, por isso, a gente vê-se por aí.

Good night & good luck.

29/05/2015

BLOGS I F#*KING LOVE: AWESOME PEOPLE HANGING OUT


Hoje partilho um blog que visito de tempo a tempo. O Blog I F#*king Love de hoje é o épico Awesome People Hanging Out Together. Já existe há uns 4 anos e cruzei-me com ele em 2011. Na altura, eu tinha começado um blog no tumblr e tropecei nele por acaso. Fiquei curioso com algumas das fotos publicadas na altura, e à medida que o tempo passava o blog foi ficando cada vez melhor com mais e mais fotografias. Mas eu explico para quem não conhece:

É um blog que reúne fotografias improváveis de celebridades ou gente conhecida juntos. São uma espécie de fotografias casuais ou de bastidores. E são brilhantes. As mais antigas são as minhas preferidas.

Mas encontra-se um pouco de tudo: o Miles Davis a falar ao ouvido do Steve McQueen; o Picasso a falar com a Brigitte Bardot; a Kate Moss com o Johnny Depp e o Iggy Pop todos a beberem um copo; o Salvador Dali a beijar a mão da Raquel Welch; a Sophia Loren a mancar o peito da Jane Mansfield; a Nancy Sinatra na cusquice com a Mia Farrow; a Jane Fonda e o Alain Delon a fumarem um cigarro; o Paul Newman a tocar trompete enquanto o Duke Ellington e o Louis Armstrong tapam os ouvidos; o Hemingway à conversa com o Fidel Castro e por aí fora. Epá acho que já perceberam. São muitas e boas.

É um blog fabuloso. Verdadeiras relíquias e momentos que nos sacam um sorriso ou nos deixam a imaginar. Não sei quem é o autor ou a autora do blog, mas foi uma ideia que tem tanto de simples como genial e eu sou fã.

São tão boas que é difícil escolher uma favorita. Mas o olhar da Marilyn Monroe ali em cima para o Arthur Miller é das que mais gosto.

É clicar em qualquer uma das fotos que já vão ver.

 

27/05/2015

DA PUBLICIDADE EM BLOGS {OU COMO COMECEI ESTE POST COM A PREPOSIÇÃO "DE" CONTRAÍDA COM O ARTIGO DEFINIDO FEMININO SINGULAR "A" NUMA DE REFLEXÃO PROFUNDA DE UM TEMA QUE ME VAI CUSTAR CARO MAS QUE QUERO LÁ SABER PORQUE ASSIM COMÁ ASSIM NÃO IRIA RECEBER NADA MESMO DAQUILO QUE GOSTAVA DE TER}


Hoje cruzei-me com um post de um gajo que dá pelo nome de Factos de Treino. Já devem ter ouvido falar dele. Aqui no meu blog, já lhe fiz uma referência ou duas. Hoje tocou num assunto no qual eu próprio já fui confontado. Patrocínios e publicidade nos blogs. Vê-se muita coisa por aí e há um bocadinho de tudo nesta selva de blogs. Mas os espécimes mais comuns são estes:

Bloggerus Papa-tuditus: para o Bloggerus Papa-tuditus tudo o que vier à rede é peixe. O Bloggerus Papa-tuditus inclui tudo na sua dieta. Consumidor ávido de todas as invenções patenteadas ou não, mesmo que não precisem de um alimentador automático de formigas-da-índia, venha lá disso que não se estraga.

Bloggerus Pedinchonaes: este espécime está sempre a fazer-se ao bife. Fazem choradinho, imploram, imolam-se, tudo vale para conseguir aquela bisnaga de Colgate Branqueadora. O chamamento para atrair colaborações assume várias formas. Não é raro vê-los a gritar em sofrimento por uma refeição à borliú no Mercado da Ribeira. Apesar de ser de uma espécie diferente, gostam de se misturar com os Bloggerus Papa-tuditus. Chegam a cruzar e a coabitar os mesmos espaços.

Bloggerus Publicidadaes Eunempensaris: estes são os ninjas dos bloggers. Espécie furtiva, fazem publicidade, mas parece que não fazem. Ou melhor, eles acham que parece que não fazem. O seu método é quase sempre de emboscada. Aliciam a presa para um post chamativo como quem-não-quer-a-coisa-mas-quer e quando menos se espera, pumba, estamos a encomendar comida do "sítio do costume", que diz que aquilo é do melhor.

Bloggerus Vipus Maspoucus: estes são os que gostam de fazer parecer que vivem dos blogs, mas na verdade bulem no duro como todos nós. Alguns chegam a ter a alta recomendação de um dos canais Fox, mas ao contrário dos bloggers mais transparentes, o Bloggerus Vipus Maspoucus faz de conta que foi convidado ou descoberto pelos scouts da Fox e lido pelos executivos da Fox. Quando o humilde fã lhe pergunta como fez para conseguir, não responde, com medo que se descubra que basta um email para a Fox (geral @fox.com) a solicitar, que passados uns tempos eles facultam o logotipo que diz "Blog recomendado pela Fox Life ou 24 Kitchen" para pormos todo bonito no nosso blog. You're welcome.

Bloggerus Naovounaconversatis: Esta espécie tem a mania que é única. Acha que o seu blog fala por si e não precisa cá de colaborações desiguais para garantir a sua sobrevivência. O Bloggerus Naovounaconversatis acha que se encontra num estado mais puro. Alimenta-se do seu ego e dos seus poucos mas fiéis seguidores. Na verdade cagou para o número de visualizações ou de "likes" no Facebook. A revista AARP (revista americana de reformados) que é a publicação com mais tiragem do mundo, é melhor que a Playboy? Ou que a National Geographic? Exato.


Eu? Bom, eu acho que sou um Bloggerus Naovounaconversatis. Eu cá já recebi convites para publicitar isto ou aquilo. Recusei sempre educadamente. Não tenho nada contra quem o faz. Nem tenho nada contra como o fazem. É a sua perrogativa. E também percebo muitas agências e marcas. Publicidade a troco de nada ou de quase nada é sempre um bom negócio para uma empresa que fatura milhões por mês. Mas nem toda a gente está virada para a promoção de um produto num blog a troco de meia-dúzia de fraldas ou de uma noite a beber gin à pala.

Não sou mais nem menos que os outros. Nem é o meu objetivo viver de produtos dados a troco de publicidade. Citando o Factos de Treino, "não sou a amante barata. Nem esta é a casa onde vêm dar uma fodinha, para depois irem gastar os seus salários milionários com a respeitável esposa".

Há gente a aplaudir e a dizer "f#$a-se és hardcore; não és um sell-out; continua assim". Há outros a dizerem "olha-me este com a mania que é incorruptível; tem a mania que é mais que os outros; querias era comer à pala e não consegues".

Eu digo isto: who fucking cares. Se anseiam por fins-de-semana de borla, se adoram dar a conhecer o novo papel higiénico com sabor a morango, ou se juram pela qualidade daquela refeição congelada de um hipermercado para terem mais um voucher de 2% de desconto nos douradinhos, força aí. E se acham que eu tenho a mania que sou fino porque não me apetece inventar um post sobre calamares e como eles mudaram a minha vida ou como aquela espuma de barbear deixa a minha cara como um rabinho de bebé apesar de eu só aparar a barba com máquina, é porque este blog não é para vocês.

Este blog é sobre a minha vida como pai e mais algumas coisas que vou metendo para aqui. O que não é de certeza é o Centro Comercial Balbúrdia. De modos que, Factos, estou contigo. Mas ao contrário do título do teu post, não pretendo que a minha vida dependa disto. É que é exatamente o contrário. Isto é que depende da minha vida. E essa meu amigo, não há preço que compre. This blog is not for sale.


Nota. Isto é válido para todos os produtos exceto:

  • Roupa e calçado da Vans
  • Motos da Deus Customs
  • Óculos de sol da Raen (os meus estão a ficar desgastados)
  • Viagens a Fiji, Tahiti e vá Patagónia. As viagens para Fiji e Tahiti podem ser com escala de 1 semana na Austrália que eu não me importo. Para 3.
  • Pranchas de surf do Ryan Lovelace
  • Skates da Stereo. Ou da Element
  • Fatos de surf da Vissla (tamanhos M e 4Y. O quê? Não fazem 4Y? Então passem a fazer)
  • Bilhetes para os X Games e para o Coachella 2016 (também quero ter fotos no instagram tiradas no Coachella que isto cá fotos no Alive tá muito visto)
  • 1 semana no Camp Woodward com o meu filho
  • Assinatura vitalícia da revista da Monster Children
  • A fotografia original da capa do London Calling dos Clash em tamanho de parede

18/05/2015

ELE VS. VÍRUS


Ele venceu por KO no 1º round.

Obrigado a todos e todas pelas mensagens e pelas boas energias.

Obrigado ao meu filho pela força e por ser um lutador.

Este vídeo aqui em baixo chama-se "kicking the virus' ass".

Enjoy.




13/05/2015

MAIS UMA PARA OS LIVROS


Quando acordámos fiz ovos mexidos e bacon. Torradas também. E o leite com chocolate que ele adora. Normalmente os pequenos almoços de sábado são como o spring break para um adolescente. Uma excitação. Mas desta vez não comeu nada. E estava apático a olhar para a TV. Achámos que alguma coisa não estava bem. Uns minutos depois queixou-se que queria vomitar. E quando foi ao quarto buscar o Chewbacca e voltou a chorar agarrado à cabeça percebemos que era sério.

20 minutos depois no hospital estava a fazer uma punção lombar. Enquanto 3 enfermeiros o imbobilizavam na maca com ele sentado e dobrado todo para a frente, a médica espetava uma agulha entre as vértebras para lhe sacar líquido da medula espinhal. Eu de joelhos em frente a ele segurava-lhe as mãos e pedia-lhe para não se mexer, que a doutora ia só lhe limpar as costas, que o pai e a mãe iam estar sempre ali.

A cara e a força que ele fazia enquanto a agulha entrava nas costas é coisa que nunca vou esquecer. Senti a força de um gigante a apertar-me as mãos enquanto ele cerrava os dentes.

Passada uma hora, já no quarto do isolamento chegaram as análises e as notícias menos más. Meningite viral. A médica diz-nos que o prognóstico é bom e que o pior já passou. Agora era vigiar a recuperação.

Bem, to make a long story short, já em casa e com ele ainda a andar curvo com as dores da punção lombar, fui ter com ele e disse-lhe com um sorriso e um beijo na cabeça:

Eu_ então meu velhote, como é que te sentes?

Ele_ dói-me a cintura.

Eu_ vai passar filho. prometo... sabes uma coisa... tenho muito orgulho em ti. foste um valente.

Ele_ sou corajoso. não tenho medo de nada.

Eu_ pois és filho. és mesmo.

E é verdade. Tough as nails como se costuma dizer na terra do Sam. É rijo este miúdo. Não é bem verdade que não tenha medo de nada. Não é fã do escuro. E de mais algumas coisas. Mas que é corajoso, é.
Como disse o Mandela, "coragem não é a ausência do medo mas o triunfo sobre ele".


Obrigado a todos e todas pelas boas energias e pela preocupação. A recuperação foi completa e 100%.

28/04/2015

O DIA EM QUE CAIU DO TRONO




Um dia disse ao meu filho que ele era capaz de fazer tudo. Foi já há algum tempo. Era ele mais pequenino ainda. Não me lembro bem o que era, mas ele estava a fazer qualquer coisa e disse "não consigo". Achei que era a minha deixa. Disse-lhe olhos nos olhos "tu consegues tudo. Nunca te esqueças disso". Esqueci-me foi que ele tinha 2 anos. Cá metáforas ainda não pegam nesta idade. Esqueci-me que os miúdos nesta idade levam as coisas um pouco à letra. E que um gajo tem de explicar tudo bem explicadinho senão dá merda. E assim foi. Não expliquei e deu merda.

Comecei por ensinar o meu filho a andar de skate com 2 anos. Desde muito cedo ele adorou. E começou a ganhar-lhe o jeito. Fui andando com ele, ensinando o que deve ou não fazer, o que pode ou não fazer. Ele foi evoluindo. Agora com 4 anos, chegou a uma fase que eu achei que ele devia passar a ter aulas com um professor e outros miúdos. Achei que podia ajudá-lo a desenvolver outras técnicas. Aprender outras coisas. Conhecer outros miúdos. Aprender com os mais velhos. Então começou as aulas. Tem dois professores ex-skaters profissionais. Além de bons skaters, bons professores. Lógico que os colegas na aula são todos mais velhos. É o único com 4 anos. E naturalmente tem as limitações inerentes à idade. Sempre que a aula começa, está com a moral toda. Motivado. Orgulhoso. Divertido. À medida que a aula vai avançando começa a esmorecer. Até que desiste a meio. Apesar do meu filho ser muito bom no skate para idade dele, apesar de ser capaz de fazer muito mais com um skate do que maioria dos miúdos e das miúdas com 4 anos, apesar de adorar, nas últimas aulas desistiu a meio, Cabeça para baixo, skate a arrastar. Aconteceu não uma, mas duas vezes.

Como não sou parvo, naturalmente nunca mostrei má cara. Nunca me mostrei chateado, nunca me mostrei desiludido, nem triste nem nada disso. Simplesmente perguntava-lhe "queres ir embora filho? de certeza?".
Nunca o obriguei a andar e só ia às aulas quando queria. Até que um dia, sentados em cima dos skates, perguntei: "filho, porque é que não queres estar nas aulas? gostas de lá estar ou não gostas muito?" Ao que ele me responde "gosto mas pensava que era só para fazer o que eu sei".

Ahhhhhhhhh. Toda a festa que eu fazia quando ele conseguia alguma coisa, todas as vezes que lhe disse que ele consegue tudo, todas os gritos que ele era o maior, vieram bater-me à porta. Ali na aula, com os miúdos mais velhos a fazerem mais do que ele é capaz, ele sente-se um underachiever. Incapaz de chegar ao nível dos outros. Nos olhos dele, ele vê todos a andarem muito melhor que ele, a fazerem mais do que ele, incapaz do distanciamento para perceber a diferença de idades, força, anos de experiência que o separam do resto da turma. Por isso ele sente-se incapaz de chegar e estar ao nível dos outros. E por isso acha que já não consegue tudo como eu tantas vezes lhe disse. Que já não é o maior. Sente-se desiludido. E acha que me vai desiludir. Porque na aula ninguém faz a festa que um pai faz. Percebi.

Expliquei-lhe que ele está nas aulas para fazer o que sabe e também para tentar aprender a fazer o que não sabe. Que tentar é fixe. E é divertido. Que ele é o mais pequeno da turma e que por isso não consegue fazer algumas coisas iguais aos outros. Que eu também já fui pequeno. Mas que ele é especial por ser tão pequeno e conseguir estar na turma dos grandes no skate. E que quando for grande vai conseguir fazer igual aos outros. Que para conseguirmos alguma coisa, temos que tentar. Aprender. E tentar.

Parece mentira que eu tenha conversas deste calibre com um miúdo de 4 anos. Mas tenho. E aprendo todos os dias com ele. Como ele certamente aprende comigo. É tão fácil cair na asneira de os iludir demasiado quando os amamos tanto. Fazemos uma festa tremenda de qualquer coisinha. Como se fossem semideuses. Ao ponto deles acreditarem que o são. E daí à desilusão é um instante. Depois é arregaçar as mangas, encher o peito e sentar ao lado deles e explicar o que devia ter sido logo explicado desde início.

Ou não. Talvez isto faça parte. Sei lá eu. Eu também só ando nisto de ser pai há 4 anos. E é a minha primeira vez. Também ando a apanhar bonés. Não sei tudo. Faço o melhor que sei. Vou tentando. E aprendendo. Um gajo tem de elogiar, mas não muito. Um gajo tem de ralhar, mas não muito. Um gajo tem de ensinar, mas não muito. Um gajo tem de exigir, mas não muito. Porra pra isto. Uma coisa é certa. Um gajo tem é de os amar e respeitar. E é muito.