Mostrar mensagens com a etiqueta there she goes. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta there she goes. Mostrar todas as mensagens

26/02/2015

UMA BREVE INCURSÃO NO MUNDO DO FASHION COMMENTARY {COM DIREITO A LINGUAGEM VULGAR E TUDO}


Sou gajo de ler muita merda e não tocar no assunto. Até porque, quem gosta de tocar em merda, né? Mas andei dias a ler bosta sobre a Irina Shayk. E agora apesar de não gostar muito, vou tocar na bosta. Porque isto vai para além do mero vestido que a rapariga usou lá na festa da Vanity Fair. O problema não está no vestido. O problema é a quantidade de coisas que li sobre ela. Ela Irina Shayk. Por causa do vestido que ela escolheu usar. Algumas das poias:
  • "é apenas para chamar a atenção"
  • "praticamente despida para dar nas vistas"
  • "é rasca"
  • "too slutty"
  • "se era para isto, mais valia ter ido nua"
  • "desesperada"
  • "porca"
  • "é para picar o Cristiano Ronaldo"
  • "é uma ninguém à procura de atenção"
Não sou de me meter na vida alheia. Não sou de comentar vestidos nem tapetes vermelhos. E até caguei para a razão pela qual o casal maravilha se separou. Mas rasgarem a moça por causa do vestido que ela escolheu usar... Claro que eu tinha de meter o bedelho.

É incrivel imaginar que há uma vida para além do Cristiano Ronaldo, eu sei. Talvez até pasmem saber que a mulher é uma pessoa. É verdade. Com valor próprio. Trabalhos feitos. Mérito reconhecido na sua área. Parece mentira, eu sei. Uma mulher bonita e elegante ser uma pessoa. Talvez pasmem em saber que o facto de ter escolhido um vestido ou outro, não faz dela, nem puta, nem ordinária, nem vulgar, nem desesperada, nem rasca. Incrível né? Nem significa que esteja desesperada ou queira dar nas vistas ou chamar a atenção. Epá agora a sério, pensem lá nisso um bocadinho antes de abrir a boca ou carregarem nessas teclas. Acham mesmo que a Irina Shayk parece ser alguém desesperada por atenção? Acham mesmo que ela precisa de vestir seja o que for para dar nas vistas? Foi capa da GQ, Elle, Vogue, Vs., Sports Illustrated. Modelo da Victorias Secret, Armani, Guess, Givenchy. A sério que acham que ela precisa de atenção? Ela estava como convidada na festa dos Oscars da Vanity Fair. Só. Mas como ninguém a conhece, a única explicação é que ela entrou à penetra.

Agora vou eu dizer o que vi. Vi uma mulher elegante e bonita. Uma mulher confiante. Uma mulher com pinta. Com um vestido de haute couture. Que mostra um lado do corpo. Não mostra mais nada senão isso. Não se vê rêgo como vejo em muitas gajas e gajos por aí. Não se vê cleavage nenhum. Mamocas zero. Vejo uma mulher que segundo consta terminou ela o relacionamento com o melhor jogador do mundo, um dos atletas mais ricos do mundo. Uma Mulher portanto.

Portanto, e agora é a sério mesmo, dizer que ela "não é ninguém" sem o CR ou desvalorizá-la como mulher com base num vestido, para mim é objetificar uma mulher. Insultá-la ou julgá-la com base num vestido que mostra 1 coxa, 1/2 cintura, 1 barriga, 1 braço e 1/2 costas é - desculpem lá dizê-lo - pobrezinho. Aliás, desculpem o caralho, que quem faz isso também não pede desculpa.

Ganhem juízo. Deixem lá de criticar e julgar as pessoas pelo que vestem. Não gostam do vestido? É dizer "não gosto do vestido". "É piroso". "É brega". É o que quiserem. Agora chamar à mulher deseperada, vulgar, porca, necessitada, slut.... Foda-se.

O que é que isto tem a ver com o meu blog? Tem a ver que quero que quando o meu filho cresça, olhe para uma mulher com um decote ou um vestido arrojado e diga "ganda pinta de mulher. que confiança", em vez de "ganda puta de mulher. que vulgar". Com base no decote ou no vestido.

Power to you Irina. And power to all women.

15/12/2014

BIRTHDAY GIRL


É uma das pessoas mais fascinantes que conheço. Tem nela uma irreverência e rebeldia contagiantes e ao mesmo tempo uma aura de ingenuidade como só uma sonhadora pode ter. É o que chamo "sweet and spicy". É poética a rir. Sublime a ouvir. Desconcertante a sorrir.

Teve uma infância feliz mas interrompida por dois abalos que lhe testaram a fé. A morte do pai e da melhor amiga. Aos 10 anos teve de criar lógica no meio do que não tem lógica e se rearranjar do que não tem arranjo.

É uma lutadora e tem nela a fibra de muito poucos. Coragem para enfrentar qualquer desafio excepto animais de penas. Tem nela uma determinação capaz de mover paredes. Lutou por ela e pelo filho durante uma gravidez complicada e de risco. Tem uma fé inabalável na amizade, no amor e na vida. Sabe de música. Mas sabe mesmo. Ela a embalar o nosso filho a cantar "o menino d'oiro" do Zeca Afonso é das minhas coisas preferidas. De sempre.

Apaixonada por tattoos, tem no corpo histórias de vida. É leal aos amigos. Intolerante das falsidades. Mergulha de cabeça numa amizade. E às vezes bate com a cabeça devido à falta de profundidade. Já lhe avisei que tem de ver se tem pé antes de mergulhar. Mas o coração gigante fala mais alto e derrete-se facilmente. Faz a melhor açorda de camarão que já comi. E só por isso já valeu a pena casar com ela.

Diz que se tivesse vivido nos anos 60 talvez não tivesse sobrevivido. Sonha com Fiji. Dança Ramones e Maria Rita com o mesmo charme. Veste um vestido da Prada com a mesma pinta que veste uma t-shirt dos Black Sabbath. Ninguém vai de skate comprar um vestido de alta costura como ela. Foi experimentar e comprar o vestido de noiva sozinha. Uma self made woman. Casou de pés na areia. Comigo. E abrimos o casamento a dançar "Little Wing" do Jimi Hendrix. Hoje é minha mulher. Mãe do meu filho. Amiga incondicional nas marés baixas e nas marés altas. Hoje faz anos. Este ano não tenho vídeo. Por isso ficam alguns dos momentos que fazem dela um ícone nesta casa. Happy birthday baby. And happy wishes.






















10/10/2014

RETRATO DE UMA FEMINISTA


Casei com uma feminista.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Se há coisa que me deixa com os nervos em franja são generalizações. Principalmente quando elas se referem aos homens e às mulheres. Sou feminista. Não tenho qualquer pudor em dizer que sou feminista. Na escola do meu filho sabem que sou feminista. No meu trabalho sabem que sou feminista. Os amigos e amigas sabem que sou feminista. Os conhecidos e conhecidas sabem que sou feminista. Eu sempre soube que sou feminista. Uso a palavra feminista muitas vezes propositadamente. Uso-a para que de uma vez por todas ela perca a conotação negativa que tem. E como feminista luto pela igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Há uns dias li um texto intitulado de "Mãe é Mãe", onde uma senhora exponenciava o papel da mãe, passando o pai para um papel secundário. Fiquei doente! Felizmente para mim, enervo-me com estas coisas. A senhora dizia que ser pai é muito mais fácil do que ser mãe. A senhora dizia que o pai não velava o sono do bebé. A senhora dizia que o pai entrega o bebé à mãe sempre que começa a chorar. A senhora dizia que o papel do pai é muito importante, mas que mãe é mãe. 
Senti-me tão ofendida. Senti vergonha alheia. Os meus dois modelos de paternidade são inevitavelmente o meu pai e o pai do meu filho. Os pais da minha vida faziam tudo o que a senhora diz que os pais não fazem. Pasme-se. 
Mãe é tão Mãe como Pai é tão Pai! E não me venham com a história de que a gravidez e a amamentação são condições que proporcionam à partida uma relação mais próxima entre mãe e filho/a do que pai e filho/a. BullShit!!!! Nós mulheres queremos ter as mesmas oportunidades que os homens no mundo do trabalho (onde ainda hoje em Portugal as mulheres são remuneradas muito abaixo dos homens; onde ainda hoje em Portugal as mulheres não são recrutadas para um posto de trabalho porque eventualmente podem engravidar; onde ainda hoje em Portugal as mulheres acham que têm de agir como homens - seja lá o que isso for - para ascenderem a lugares de chefia). Chega caramba!! Se queremos igualdade temos de praticá-la. A igualdade só será possível quando estas mulheres que acham que "Mãe é Mãe" deixem de se fechar no seu monopólio maternal percebendo que a última coisa que faz delas mães é a biologia, a última coisa que faz de uma mãe Mãe é carregar o filho ou filha na barriga e os amamentarem. Serei eu menos mãe por ter tido uma gravidez de apenas 7 meses e ter dado de mamar uns míseros 3 meses? Não! Não mesmo! O que faz de uma mulher mãe é a relação que  constrói com os filhos e filhas, aplicando-se o mesmo aos pais. Ofendo-me. Ofendo-me quando leio estes textos e sinto uma profunda injustiça para com o meu pai e para com o pai do meu filho. Sinto que estes textos perpetuam uma parentalidade desigual. E somos nós mulheres que lhes damos voz. Nós que tanto penámos e ainda penamos por uma sociedade justa, que não olhe para nós como cidadãs de segunda, que fazemos exactamente a mesma coisa com os homens que lutam por uma sociedade que não os olhe como aves raras quando vivem a sua paternidade como uma das "tarefas" centrais da sua vida. Quase fui linchada quando num grupo de mulheres disse que não acreditava no instinto maternal. Onde é que está esse instinto quando lemos as imensas notícias de negligência, maus tratos e abandono por parte de mães para com os seus filhos e filhas. Onde? Se fosse um instinto iria sobrepor-se a tudo o resto, certo? As relações que criamos com os filhos e filhas são isso mesmo, são relações criadas, construidas, quer sejamos pai quer sejamos mãe.

Irina.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Orgulhoso de ter uma pessoa iluminada ao meu lado e como mãe do meu filho.