10/10/2014

A MENINA QUE NÃO SE DEIXA CALAR

A Malala. Tem 17 anos e um Nobel da Paz. Uma menina a mudar o mundo desde os 12 anos. Admirável. Inspirador. E de uma coragem que devia ser exemplo para todos. Um exemplo para os que apesar da coragem, se sentem por vezes abalados na sua luta, seja ela qual fôr. Um exemplo também para os cobardes que se vergam sob o medo e a ameaça. E um exemplo para os que disparam por trás de caras tapadas e anonimato. É impossivel falar da Malala sem preceber um pouco a sua relação com o pai. Um homem que luta pelos seus ideais e como pai quer o melhor para a filha. Mesmo que às vezes isso não pareça ser o melhor para a filha. Um homem que transborda de orgulho e admiração pela filha. Uma filha que olha para o pai como um herói. Alguém que ela acredita ser capaz de mudar o mundo. Um pai que olha para a filha da mesma maneira. Alguém que ele acredita ser capaz de mudar o mundo. Este respeito, admiração e empowerment mútuos é o que diferencia os heróis do resto. Não é perfeito. São uma família e como família devem ter os seus dias. O pai há de ser chato e exigente às vezes. A filha há de ser refilona e respondona. A mãe há de ter as suas coisas e os seus dias também. Mas do respeito, da admiração e do empowerment não tenho dúvidas. Vê-se na cara dele. E na cara dela. Não os conheço. Mas já vi aqueles olhares antes. O olhar de quem acredita. O olhar de quem muda o mundo. Costumo dizer que o mundo não se muda de uma só vez. Muda-se uma pessoa de cada vez. Se pensarmos que há cerca de 7 mil milhões de pessoas no mundo, é coisa para demorar um bocadinho. Mas se houvesse mais gente com o estofo da Malala e da sua família, a coisa dava-se mais depressa. A Malala levou um tiro na cabeça quando vinha da escola. Não porque foi à escola. Mas porque há quem ache que coragem, igualdade, progresso e humanidade se matam com um tiro. Os tais cobardes que se escondem atrás de caras tapadas e anonimato. Não tenho dúvidas que o pai se deve ter sentido culpado. Em algum momento. Nem que fosse por um só segundo. Qual o pai que não teria? E isso leva-nos à "million-dollar question". Dar o peito e a cara pelo que acreditamos? Ou encolher e fugir sob medo? Qual nos salva? A Malala sabe qual.

Nota. O vídeo abaixo contém imagens gáficas que podem impressionar.

1 comentário:

  1. Não discordo, mas muitas vezes dou por mim a perguntar-me se esta menina alguma vez escolheu este caminho ou se é apenas uma intermediária das ideias do pai que, por ter começado tão cedo, nunca aprendeu a viver de outra maneira.
    Se é certo que me apraz ver crianças que com grande probabilidade resultarão em honrosos adultos, também me preocupa, e entristece mesmo, ver crianças que nunca o foram.
    De todo o modo, ainda bem, para toda a humanidade, que existem pessoas como ela.

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