31/01/2013

RETRATO DE UMA FAMÍLIA QUE SE DIZ FUNCIONAL


Finalmente alguém que entende esta família. Já sabia que o meu filho tinha um talento inato, mas o retrato que ele fez da família mostra uma perspicácia e espírito crítico muito para além do normal e dos seus verdes 2 anos de idade. Ora vejamos.

Para o pai usou a cor castanha. Estou na dúvida se é por causa do meu bronzeado que dura o ano inteiro ou se é por eu tantas vezes usar a palavra shit (digo em inglês com a esperança que ele não perceba). Desenhou-me maior, o que mostra bem que as horas que passo a dizer-lhe ao ouvido "o pai é o maior" enquanto ele está a dormir, têm resultado. Fez-me dois olhos enormes a saltarem-me da cara que é precisamente como pareço quando ele me aparece à frente com o meu macbook ou a minha canon na mão. Ou quando abro as cartas da EDP à frente dele. Pôs-me a equilibrar sobre uma perna que é como quem diz "o meu pai tem um sentido de equilíbrio fora do comum". Isso ou então estava a lembrar-se de quando eu revi o Karate Kid. É que fico empolgado quando vejo filmes de quando era puto.

Para a mãe usou a cor vermelha numa clara referência à pessoa apaixonada que é. Apaixonada pela família, por mim, pelo filho, pelos amigos, pelo trabalho, e pela vida em geral. As curvas da mãe são bem evidentes no retrato, especialmente a escoliose na coluna que ela arranjou depois de tanta fralda mudada de cócuras e de andar a apanhar os brinquedos que ele deixa pelo chão.

Quanto a ele próprio, retratou-se de azul. A cor do mar que ele tanto adora. E a cor da serenidade e harmonia porque é assim que ele realmente é. Particularmente quando está a dormir. Braços no ar em jeito de celebração porque é um puto feliz. Desenhou uns cabelitos de forma artística numa clara homenagem a quem lhe corta o cabelo (sou eu para que não restem dúvidas).

De reparar que a família está toda ela envolta numa dinâmica. Ele a saltar de braços no ar na minha direção, mão apontada aos meus dois fios de cabelo, enquanto eu de olhos esbugalhados a equilibrar-me numa perna, vou de pé-em-riste pelo ar, e a mãe que por sua vez afasta ligeiramente a sua cabeça para trás, num "coolness" digno do Chuck Norris, impávida e serena, ela e a sua escoliose. Apesar dos rabiscos feitos dentro da sua cabeça mostrarem claramente que está com a cabeça em água connosco e com as nossas loucuras.

Resumindo, este miúdo visonário e analítico faz com umas simples garatujas, o fiel retrato desta família e do seu dia-a-dia. Porque é mesmo assim. Um anda aos saltos pela casa de braços no ar e cabelo desgrenhado, outro com os olhos esbugalhados de pé-em-riste sempre a dizer "shit" e outra de cabeça em água e coluna feita num oito a segurar as pontas e a desviar-se da confusão dos outros dois com um sorriso na cara como quem diz "boys will be boys". bravo meu filho, bravo.

1 comentário:

  1. Muito Bom :) podia fazer um update deste post com um desenho do seu filhote de agora :)

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