06/12/2013

COMO TER UM FILHO EM 3 PASSOS DIFÍCEIS. PASSO 2: A GRAVIDEZ


A gravidez. São 9 meses. Ou 40 semanas. É uma experiência única e plena dizem algumas. Outras torcem o nariz quando se lembram do peso a mais, da dieta, dos diabetes gestacionais e dos pés inchados. Muitas fazem as aulas pré-parto. E a mala com umas mudas de roupa no dia que as contrações e dilatações começam a dar um ar da sua graça.

Para nós não foi bem assim. E assim passamos ao 2º passo de como ter um filho em 3 passos difíceis.

Passo 2: A gravidez.

As primeiras 20 semanas foram excelentes. Normais. Deu para fazer uma viagem a Veneza juntos e tudo. E ainda deu para tirar fotos giras. Até uma daquelas da praxe com as mãos a fazerem um coraçãozinho por cima do ventre. Também gostamos de ser pirosos de vez em quando.
Depois houve a hemorragia. E eu em viagem fora do país. A chamada chegou assim: "Não te preocupes. Estou internada porque tive uma hemorragia, mas está tudo bem com o bebé." Estava eu no aeroporto de Heathrow. Fui a um café, pedi uma água e mandei um ansiolítico para dentro. Depois a tortura de fazer a viagem de Londres com o telemóvel desligado. Cheguei a Lisboa, agarrei no carro e fui direto para o hospital. O diagnóstico: placenta prévia total. O prognóstico: internamento até ao nascimento do filho. Acamada. E sem se mexer durante o máximo tempo possível. Parto natural é pra esquecer. Vai ter de ser cesariana. Transferência para a MAC (Maternidade Alfredo da Costa).
E assim começou a 2ª metade da gravidez. A MAC foi a nossa casa durante os meses seguintes. Eu fazia casa-trabalho-MAC-casa sozinho todos os dias. A minha mulher acamada a tempo inteiro no hospital. Lavava-se como os gatos. E tinha arrastadeira debaixo da cama e tudo. Nível. As contrações eram monitorizadas a cada hora. E durante semanas foi assim. Saía do trabalho e ia direto para a MAC. Comprava-lhe um snickers, um croquete e uma garrafa de água de 2 litros no café e levava-lhe. Ficávamos ali na conversa até à hora de jantar. Era um dormitório para 8 camas. Estavam lá mais 7 mulheres. Todos casos idênticos. Alguns piores. Havia 2 televisões. Uma para 4 mulheres num lado do quarto. E outra para as outras 4 do outro lado do quarto. Estão a ver né. 2 TVs com 2 comandos para 8 mulheres. Todas grávidas. Era uma catástrofe à espera de acontecer. Havia mais tensão ali dentro do que na faixa da Gaza. Depois eu saía, ia comer qualquer coisa, passava no McDonalds do Saldanha e comprava-lhe um Menu Big Mac. Entrava com aquilo de surra e passava-lhe como se estivesse a visitar alguém na prisão. Deliciava-me a vê-la comer o hamburguer enquanto olhava por cima do ombro para ver se a auxiliar andava fazer a ronda. Épico. Mas depois o vazio. Sempre que chegava a hora de me ir embora. Voltar para casa sem ela e sem o meu filho não era voltar para casa. Mas assim era. Todos os dias voltava para casa mas sem voltar para casa. Até dia 27 de Outubro. Nesse dia recebo a chamada no trabalho. "Estou a ter uma hemorragia e não pára. Vão me levar para o Bloco agora. Ele vai nascer".

Nota. A última foto é do último Big Mac que ela comeu na noite antes do meu filho nascer. Vejam o prazer dela a comer. Fantástico.








4 comentários:

  1. Parabéns..
    Decidi não trabalhar hoje de tarde.. apesar de estar no local de trabalho e li o seu blog de uma ponta a outra.

    Querida família.. parabéns, por tudo o que li.. esse é o lema!

    Simples, a família, amor e muita loucura a 3.

    Nothing more

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  2. Foi difícil, mas valeu bem a pena. A prova disso é o vosso filhote lindo :)

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  3. :) fiquei emocionada...

    (vou ler o passo 3 ;) )

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